Autonomia transforma Banco Central no "sindicato dos rentistas", diz Marcio Pochmann

Para Orlando Silva (PCdoB-SP), caso seja aprovada, a autonomia do Banco Central vai “colocar a raposa para cuidar do galinheiro”. Projeto vai a votação em regime de urgência em meio à pandemia

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e Jair Bolsonaro com a cédula de R$ 200 (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O economista Marcio Pochmann, professor da Unicamp e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2007 a 2012, criticou duramente o PLP 19/19, que dá autonomia ao Banco Central e foi colocado em votação em regime de urgência nesta quarta-feira (10) pelo presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), eleito com apoio de Jair Bolsonaro (Sem Partido).

"Que fique evidente que o retorno a condição neocolonial a que o golpe de 2016 impôs ao Brasil, esvaziando com Temer e Bolsonaro a soberania nacional, tem apoio no parlamento. A votação que autoriza o banco central ser transformado no sindicato dos rentistas é a comprovação disso", afirmou Pochmann pelo Twitter.

https://twitter.com/MarcioPochmann/status/1359426501712740354

Orlando Silva (PCdoB-SP) diz que o problema da credibilidade da economia brasileira é o presidente da República, não a falta de independência do BC. “Não haverá um investidor no mundo, no Brasil, enquanto o Bolsonaro for presidente porque Bolsonaro não transmite credibilidade para nenhum investidor”, disse.

Orlando Silva afirmou ainda que o BC tem um papel de regular o setor financeiro e, portanto, a autonomia pode ampliar o poder de banqueiros. “Será colocar a raposa para cuidar do galinheiro”, criticou.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a proposta vai beneficiar apenas os donos de bancos privados. “Autonomia de quem? São nove diretores que decidem política de juros, juros que a classe média paga em patamares assustadoramente altos. Vão trabalhar sem nenhuma ingerência, controle e fiscalização do poder público.”

Feghali disse ainda que os diretores serão mais poderosos que os governantes eleitos pelos brasileiros e terão acesso a informações privilegiadas para levar ao mercado financeiro. Ela ressaltou que a agenda da pandemia deveria ser prioridade na primeira sessão de votações da Câmara dos Deputados.

Votação
A sessão do Plenário desta quarta será realizada a partir das 13h55. Os líderes de oposição terão direito a apresentar dois requerimentos de obstrução e asseguraram a votação de cinco destaques para tentar alterar o texto do relator, deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Os parlamentares também ganham mais tempo para negociar pontos do texto.

O projeto de autoria do Senado define mandatos do presidente e de diretores do BC com vigência não coincidente com o mandato de presidente da República.

Costa Filho afirmou ter “extrema convicção” de que a medida vai melhorar a nota do Brasil em relação aos investidores internacionais. “Isso vai dar ao País um novo padrão de governança monetária, um sinal fundamental ao mercado internacional de que nós estamos melhorando as nossas ferramentas da economia”, disse.

Com informações da Agência Câmara de Notícias