O mea culpa de Miriam Leitão sobre sua postura e da imprensa como um todo durante o golpe de Estado contra Dilma Rousseff em 2016 continua dando o que falar. Dias atrás, a jornalista, que considera o evento como um mero “processo de impeachment”, reconheceu que, à luz da história, a punição da ex-presidenta será vista como uma injustiça caso o atual mandatário, Jair Bolsonaro, se livrar de todas as diversas denúncias contra si que têm sido ignoradas pelo Poder Legislativo.
As palavras da jornalista provocaram a reação de várias personalidades. Entre elas a do teólogo Leonardo Boff, um dos expoentes da teologia da libertação no Brasil e no mundo, que enviou uma mensagem direta a ela, recordando uma pessoa que ambos conheciam: o pastor presbiteriano Uriel Leitão, pai de Miriam e amigo pessoal do filósofo.
Segundo Boff, Miriam Leitão “deveria se lembrar de seu pai, que era um pastor presbiteriano, seguramente um homem do evangelho, amante da verdade e com aguda consciência ética. Você parece que perdeu estas raízes familiares a serviço de uma causa indigna. Não esquecer que você foi presa e torturada”.
A jornalista reagiu com indignação à mensagem do teólogo, especialmente à menção do fato de que ela foi presa política durante a ditadura militar (1964-1985). “Tem que ser muito indigno como você para usar o meu pai, a tortura que eu sofri e a minha prisão como argumentos para manifestar sua discordância. Aliás, nem sei do que você está falando. Isso que você fez é nojento”.
Em sua réplica, Boff disse a Leitão que “você sabe muito bem do que estou falando. Você apoiou o golpe contra a digna Dilma, até o (Michel) Temer reconheceu que foi um golpe e que ela era extremamente digna. Recordei seu pai para lhe despertar a consciência e dignamente reconhecer que errou. Nojento é o que ocorre no país”.