Em artigo medíocre na revista Crusoé, uma das muitas aliadas na mídia, Sergio Moro (Podemos) busca recriar o discurso de campanha cunhado por Aécio Neves (PSDB) em 2014, quando o tucano foi vencido por Dilma Rousseff (PT) com o mote de que é "preciso unir o Brasil" e iniciou uma batalha jurídica que desencadeou o processo que culminou no golpe de 2016.
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"É preciso aglutinar essas forças do bem em nome de um projeto maior, um projeto de país que atenda a todos os cidadãos: do morador de rua ao empresário. Queremos construir juntos esse projeto, sem dividir o Brasil", diz Moro ao final do texto repleto de chavões.
No artigo, Moro compara a política ao filme "O Vendedor de Ilusões", em que um vendedor de instrumentos desvia dinheiro após prometer formar uma banda com crianças de rua.
O ex-juiz começa o texto acenando ao sistema financeiro e cita um "debate com representantes do mercado financeiro". "Nosso projeto é de vender sonhos, não pesadelos", escreve, ensaiando um slogan.
Responsabilidade fiscal e populismo
No artigo, Moro repete antigos chavões propalados por Fernando Henrique Cardoso - sua inspiração política - nos anos 1990.
"Em nome do poder, suprime-se qualquer bom senso para ficar bem na foto do populismo. A responsabilidade social, ajudar os mais necessitados, é um dever permanente do Estado, e não pode ser usada apenas às vésperas de uma eleição para vender ilusões de bom mocismo, enquanto o país mergulha em um caos fiscal", diz.
Ex-juiz da Lava Jato, Moro ainda recorre a mentiras e a teses construidas por ele junto à mídia liberal para atacar Lula.
"Não podemos nos conformar com o pesadelo do passado que nos ronda e insiste em voltar. É impossível nos esquecermos das propinas, do assalto à Petrobras, do mensalão. E também das consequências nefastas do roubo aos cofres públicos somado ao populismo: recessão, juros altos, pobreza e desemprego", escreve, sem amparo nenhum em números e dados.
Durante os governos Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT, o Brasil deixou o Mapa da Fome e viveu uma fase de emprego pleno, com o menor índice de pessoas sem trabalho na história do país.
Alçado ao cargo de "super" ministro de Jair Bolsonaro (PSL) após influenciar diretamente as eleições de 2018, Moro também alfineta o ex-chefe.
"O retrato econômico desse passado comandado pelo PT não é muito diferente do que estamos vivendo hoje com o custo dos alimentos e da gasolina apavorando os brasileiros, especialmente os mais vulneráveis. É o preço que se paga pelo fato de o governo não ter combatido a corrupção, como prometera na campanha, não ter feito as reformas anunciadas, nem ter assumido a liderança de um projeto de Nação. E não adianta culpar a pandemia pelo pesadelo que vivemos. Os países que não negaram a ciência e fizeram o dever de casa estão infinitamente melhores do que nós", escreve, buscando ressuscitar antigas táticas usadas pelo PSDB.