Mais uma liderança do PT se manifestou favoravelmente à possibilidade do ex-presidente Lula (PT) ter como candidato a vice em sua chapa, nas próximas eleições, o ex-governador Geraldo Alckmin, que na última semana saiu do PSDB. Trata-se do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT-RJ).
Em entrevista ao jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, Ceciliano afirmou que Alckmin seria um "vice excepcional" para Lula.
“Nós precisamos ter um vice ligado à politica, um vice que vai unir. Quando você faz uma aliança, você quer somar. Quando você faz uma aliança com alguém do mesmo campo, você não somou. A possibilidade do Alckmin ser vice é muito importante, eu acho que ele seria um vice excepcional para esse momento de unificar a política", declarou.
Segundo Guilherme Amado, Ceciliano afirmou ainda que Lula "está animado" diante da possibilidade de uma aliança com o ex-governador paulista.
Alckmin: "Dei o primeiro passo"
Geraldo Alckmin afirmou, na última semana, que deu “o primeiro passo” para uma possível candidatura a vice-presidente da República na chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula (PT), em 2022.
O ex-tucano, porém, ponderou, que vai precisar conversar muito para “dar o segundo passo”. Alckmin participou, na última quinta-feira (16), do 6º Congresso Nacional do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), em Mongaguá, no litoral paulista.
O ex-governador de São Paulo disse, ainda, que o desafio para 2022 é a retomada do crescimento do país e que o momento será de muita conversa para amadurecer a decisão sobre seu futuro político.
“Eu dei o primeiro passo, agora, nós vamos ouvir muito, conversar muito, para poder dar um segundo passo. Então, vamos aguardar, a hora é de ouvir bastante e conversar bastante. E este é o momento de grandeza política, de espírito público e de união”, declarou.
PT: quem é contra e quem é a favor
Desde novembro, quando surgiram as primeiras especulações sobre a possibilidade do ex-governador Geraldo Alckmin ser vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), várias manifestações de políticos a favor e, sobretudo contra, tem surgido.
Um dos primeiros a confirmar a possibilidade, o presidente do PT-SP, Luiz Marinho, se manifestou contra em entrevista à Fórum.
“É evidente que nós estamos construindo um debate nacional e é evidente que quem vai definir o candidato a vice é o Lula”, disse. “Ele, em algum momento, vai apontar tais possibilidades e vai dizer: ‘eu desejo essa’. A nossa tendência é apoiar o que o Lula apresentar”. Marinho, no entanto, entende que o partido deve fazer ponderações.
“O Alckmin governou o estado por 14 anos e isso tem que ser olhado. Todas as críticas que nós temos no estado de São Paulo têm a cara do Alckmin. Tem muito debate no PT pra acontecer pra chegar a esse ponto. Tem muita gente no PT que é contra uma aliança dessa natureza", afirmou.
Já a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, apesar de ter sido mais cuidadosa, não se mostrou entusiasta da possibilidade. Ela afirmou que não existe nenhuma negociação oficial com Alckmin para ser vice de Lula (PT) nas eleições de 2022.
“É a mesma (chance) de qualquer outro indicado por um partido com quem estejamos negociando. Esse processo (de Alckmin como vice) foi muito estimulado por movimentos de São Paulo, envolvendo as eleições para o governo. Mas não tem negociação. Nem entre PT e PSB nem com o (ex-)presidente (Lula). Eu deixei claro para o (Carlos) Siqueira, presidente do PSB, que não há nenhum pedido por parte do PT ou do Lula para o Alckmin se filiar ao PSB. Não teve convite nem conversa sobre vice”, declarou.
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), por sua vez, confirmou ao programa Fórum Onze e Meia a conversa com Alckmin. Além disso, Padilha defendeu a frente ampla contra Bolsonaro e deixou claro: qualquer aliança que for realizada nas próximas eleições será mais duradoura, pois as federações dos partidos deverão ser aprovadas.
“Existe a conversa com o Alckmin sim, existe inclusive a disposição por parte dele de participar de uma conversa com o Lula, mas não é ele sozinho”, ressaltou. “Essa conversa começa pelo PSB, que é um partido político de esquerda, que sempre compôs frentes de centro-esquerda conosco desde a primeira candidatura do Lula, lá em 1989”.
Padilha considera que os debates têm que passar muito mais pelos partidos. “Nós construímos, desde o início do governo Bolsonaro, uma frente que junta PT, PSB, PCdoB, PDT, Rede e PV se posicionando contra o governo. Tem um debate de um plano emergencial feito por esses partidos. Eu acredito que é algo quase natural que venha a se construir uma aliança entre esses partidos em torno do presidente Lula. E essa aliança vai indicar seus nomes”, ressaltou.
“Até agora”, de acordo com ele, “o Alckmin surge como uma possibilidade indicada pelo PSB, então é uma coisa não só com ele individualmente, mas com um partido político. Não tem nada fechado, as conversas estão andando, a gente vai ter uma novidade no processo eleitoral do ano que vem, que são as federações partidárias, que eu acho uma coisa positiva, que significa você fazer uma aliança não só pra eleição, mas uma aliança de quatro anos”, encerrou.
Quem não quer deixar a menor dúvida de que é contra a aliança é o ex-presidente do partido, o deputado federal Rui Falcão. Ele tem feito questão de manifestar seu desagrado com a dobradinha entre o ex-governador paulista e o ex-presidente, que se enfrentaram na disputa em 2006. “Sou contra e não quero deixar dúvidas”, disse Falcão, para quem Alckmin não agregaria votos como se espera.
“É um erro estratégico brutal. Além de tudo, para quem quer uma campanha aguerrida, passa um simbolismo negativo colocar um anestesista na vice”, ironizou –Geraldo Alckmin é médico anestesista de formação. “Não tem nenhum empresário que tenha se manifestado em favor dessa chapa. Nesta área em que Alckmin atrairia simpatias, ninguém se manifestou em favor de Lula.” Para Falcão, a aliança não é mais um balão de ensaio. “Já está feita, pelo menos na imprensa.”