No dia sete de abril de 2018, após longa e implacável perseguição do Ministério Público Federal (MPF), através da operação Lava Jato, em conluio com o então juiz Sérgio Moro e amplo apoio da grande imprensa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era preso.
Após vigília de dois dias na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, local em que o então metalúrgico começou sua trajetória política, Lula é carregado nos braços por uma multidão até o carro onde iniciou sua viagem para a sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, onde ficaria por 580 dias.
Naquele dia se iniciava a campanha Lula Livre.
A partir de então, uma peregrinação de artistas, políticos, intelectuais, religiosos entre lideranças de várias partes do mundo se revezaram em visitas de apoio ao ex-presidente. Um número expressivo de populares permaneceu em vigília em frente à sede da PF, no frio, na chuva, no sol e no calor, sem arredar pé, até que Lula fosse solto, no dia oito de novembro de 2019, há exatos dois anos.
Mais uma vez, a multidão o recebe. Lula deixa a cadeia maior do que entrou.
Durante sua prisão, o ex-juiz Sérgio Moro, que o tirou do pleito de 2018, permitindo a eleição de Jair Bolsonaro (Sem Partido), vira ministro da Justiça.
Logo a seguir, em julho de 2019, em uma sucessão vertiginosa de fatos, são revelados em contas do Telegram, diálogos entre o ex-juiz e procuradores da Lava Jato. As conversas, publicadas pelo site The Intercept, chacoalham a República e desnudam à Nação o conluio entre Judiciário e Ministério Público para prender Lula.
Em abril do ano seguinte, após um ano e quatro meses no cargo, Moro pede demissão do governo Bolsonaro.
Um ano depois, em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) referenda, por oito votos a três, a decisão do ministro Edson Fachin de anular todas as condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato e declarar a incompetência da Justiça Federal em Curitiba nos processos contra ele.
Lula recupera seus direitos políticos.
O Brasil que Lula se depara nestes dois anos em que deixou a prisão, por inépcia e incompetência do governo Bolsonaro, bate recordes de desemprego, tem a inflação e a fome de volta, cai em descrédito mundial e conta com o segundo maior índice de mortes do planeta em decorrência do coronavírus.
De volta ao jogo, o ex-presidente dispara nas pesquisas e pode até vir a ganhar as eleições presidenciais de 2022 já no primeiro turno.