De acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicado nesta terça-feira (2), o aumento nos preços da energia elétrica, impulsionado em parte pela crise hídrica, reduzirá o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em R$ 8,2 bilhões em 2021 e em R$ 14,2 bilhões em 2022, a valores de 2020.
O estudo indica que a alta da conta de luz provoca uma reação em cadeia na economia, que afeta a inflação, o consumo das famílias, a atividade econômica e a geração de empregos. A CNI prevê perda de 166 mil empregos no final deste ano em relação à quantidade de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021 em consequência dos impactos diretos e indiretos do aumento de custos. Já para o ano que vem, a crise energética deve afetar 290 mil empregos em relação ao número de pessoas ocupadas no primeiro trimestre deste ano.
Segundo a CNI, o consumo das famílias sofrerá uma redução de R$ 7 bilhões neste ano, a preços de 2020, como consequência da pressão dos custos de energia, o equivalente a variação negativa de 0,15%. Para o ano que vem, o efeito será de 12,1 bilhões de reais a preços de 2020, ou queda de 0,26%.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destacou em nota que os elevados encargos, impostos e taxas setoriais da tarifa de energia já pesavam sobre a economia brasileira mesmo antes da crise.
"O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira", afirmou. Para ele, "essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia".
A economista da CNI e autora do estudo, Maria Carolina Marques, afirmou à Reuters que o impacto dos preços mais altos de energia é diferente para cada setor, com destaque para a indústria, cujo PIB geral deve perder R$ 2,2 bilhões a preços de 2020 devido à crise energética, ou 0,17%.
Ela afirma que o comércio também é afetado, uma vez que os custos mais altos no Brasil podem tornar produtos estrangeiros mais atraentes, mesmo com outros países também vendo custos mais altos de energia.
Segundo a economista, muitas das grandes economias globais, que estão sofrendo com a alta dos preços de commodities como petróleo e gás natural, já tinham matrizes energéticas pesadas em fontes de energia mais caras, enquanto o Brasil vive um choque devido à grande dependência das hidrelétricas.