Após o sucesso de sua viagem pela Europa, onde encontrou chefes de Estado e lideranças progressistas, o ex-presidente Lula vem sendo sondado e já cogita estender o giro para os Estados Unidos no início de 2022, quando o debate eleitoral vai esquentar ainda mais. A informação foi confirmada pelo deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde do governo do petista.
Há possibilidade, inclusive, de uma reedição do encontro de 2019 com o então presidente dos EUA, Barack Obama, que à época classificou o líder brasileiro como "o cara".
Os convites ainda não foram oficializados, mas os contatos se intensificaram após a agenda de estadista de Lula na Europa.
Os discursos de Lula, que direcionaram temas para o enfrentamento na guerra de narrativas contra a ultradireita capitaneada por Donald Trump, que se estendeu para o mundo - inclusive com a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil -, chamaram a atenção de lideranças democratas dos EUA.
Presidente defendeu universalização da pauta ambiental
Mesmo recheado de críticas a políticas históricas dos EUA - como o bloqueio econômico a Cuba -, Lula norteou seus discursos para uma pauta universalista, enfatizando a necessidade da formação de uma "governança global democrática".
Defendendo que a esquerda estenda a mão aos famintos e fragilizados, em uma pauta que tenta ser sequestrada pela ultradireita, Lula focou a questão ambiental como pauta prioritária a ser debatida em todo o mundo.
“Além dessa questão da fome, da desigualdade. Eu saí da cadeia com outra disposição. A questão ambiental não é mais só questão dos ambientalistas. A questão ambiental não é mais do Partido Verde, da classe média sofisticada, intelectual. A questão ambiental é uma questão do povo brasileiro, do povo espanhol, do povo do planeta Terra. Nós só temos ele”, afirmou.
O discuso vai ao encontro do que defende o governo Joe Biden, que durante a campanha criticou duramente Bolsonaro - associado a Trump - pela destruição da Amazônia.
“A questão da Amazônia, a gente tem que deixar claro que a Amazônia é um território brasileiro, portanto o Brasil é soberano. Agora a riqueza da biodiversidade amazônica tem que ser compartilhada com o mundo.”
Lula ainda enfatizou a necessidade de se formar parcerias para pesquisas na floresta para oferecer melhores condições de vida a 25 milhões de pessoas que moram na região amazônica.
“Nós não queremos transformar a Amazônia em um santuário da humanidade. O que nós queremos é explorar cientificamente a riqueza da biodiversidade para dela ver se tira alguma coisa para ajudar o povo brasileiro e o povo do mundo”, afirmou.