O Partido dos Trabalhadores, por meio de seus advogados, protocolou na Justiça do Distrito Federal, nesta segunda-feira (1), ação indenizatória contra a Rádio e Televisão Record. A ação é movida por ofensa à honra do partido em uma série de matérias caluniosas e injuriosas transmitidas pelo canal desde 9 de outubro no Jornal da Record e no programa Domingo Espetacular.
Na ação, os advogados do PT demonstram que a Record está levando a uma rede nacional de TV o método criminoso da fake news empregado nos subterrâneos da internet. E concluem que a emissora “proferiu grave e inconsequente ofensa e violação à honra objetiva e subjetiva do Requerente com calúnia e difamação, ainda mais agravante em razão do alcance incalculável de visualizações e compartilhamentos nas redes sociais”.
Pelos crimes de calúnia e difamação os advogados demandam que a emissora seja condenada a indenizar o PT na quantia de R$ 100 mil. Requerem também que as matérias ofensivas sejam retiradas das redes sociais ligadas à Record e que a emissora deixe de divulgar as acusações falsas, frisando que esta decisão não configura nenhum tipo de censura, mas a garantia constitucional de preservação da imagem e da honra.
Farc e narcotráfico: Bolsonaristas importam fake news contra o PT da Espanha
Bolsonaristas, a partir de uma matéria veiculada pelo Jornal da Record, da emissora do bispo Edir Macedo, na noite deste sábado (9), estão importando uma fake news da Espanha para atacar o PT.
O telejornal exibiu uma entrevista com Cristina Seguí, influenciadora e “analista política” ligada à extrema-direita espanhola, que acusa o PT e partidos de esquerda na Espanha e na América Latina de terem ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e com o narcotráfico.
“Puxa, só porque o PT é ligado às FARC via Foro de São Paulo, e as FARC são narcotraficantes, vocês querem concluir que o PT é ligado ao narcotráfico? Nada a ver! Parem com essas teorias da conspiração!”, escreveu, por exemplo, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) ao divulgar o vídeo com a matéria da Record, em meio a inúmeras postagens de bolsonaristas sobre o mesmo tema.
Seguí afirmou na entrevista que o governo espanhol, de centro-esquerda, além de “políticos e personalidades lulistas do PT” ajudaram a acobertar venezuelano Hugo Carvajal no período em que esteve foragido. Carvajal é ex-chefe de inteligência do governo de Hugo Chavez na Venezuela e foi preso há um mês, em Madri, sob a acusação, por parte dos Estados Unidos, de ligação com o narcotráfico e com as Farc.
Todas as declarações de Seguí foram dadas desacompanhadas de qualquer tipo de prova. Além disso, o Jornal da Record não divulgou a nota enviada pelo ex-presidente Lula negando as acusações.
“O ex-presidente Lula foi investigado, teve todos os seus sigilos quebrados e nenhuma irregularidade foi encontrada. Venceu na justiça todas as falsas acusações feitas contra ele. Lula não tem nenhuma condenação e tem plenos direitos políticos”, diz o texto da assessoria do petista.
À coluna de Maurício Stycer, José Chrispiniano, assessor de Lula, afirmou que “a emissora veiculou uma acusação sem provas, sem nenhuma base, feita por uma agente política de um outro país com vinculação à extrema direita. Se a Record quisesse mais informações, podia pedir”.
Fake news e discurso de ódio
A difusora da fake news importada por bolsonaristas, Cristina Seguí, é uma “influenciadora” conhecida na Espanha por espalhar notícias falsas e encampar discurso de ódio contra o governo espanhol, de centro-esquerda.
Ela é fundadora de uma unidade regional do Vox, partido de extrema-direita da Espanha, e é investigada desde abril pela Procuradoria do Estado do país europeu.
Ela é acusada pelo PSOE, partido do presidente Pedro Sánchez, de calúnia e fake news nas redes sociais, promovendo “uma grave ruptura da convivência e da ordem constitucional, incitamento ao ódio, discriminação por motivos ideológicos, visto que procuram o ataque aos socialistas o pensamento político e sua gestão, incompatíveis com a tolerância e a convivência, o respeito pelo diferente”.
Seguí já foi tema de reportagens na mídia portuguesa por difundir fake news contra autoridades do país. “Antifeminista e anticomunista, amplificadora de teses conspirativas e fake news, a antiga coqueluche do partido espanhol de extrema-direita “Vox”, Cristina Seguí começou agora a atacar também figuras portuguesas”, diz, por exemplo, uma matéria do portal de notícias SAPO, publicada na última sexta-feira (8).