Entidades ligadas a ruralistas estão bancando o meteorologista Ricardo Felício, professor da Universidade de São Paulo, e Luiz Carlos Molion, professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas, para pregarem o chamado negacionismo climático, vertente de radicais - como aqueles que acreditam que a Terra é plana - que rejeitam as teses da influência humana na mudança da temperatura do planeta e negam até mesmo o aquecimento global.
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Segundo reportagem de Juliana Gragnani, na BBC Brasil, associações de fazendeiros de soja, passando por cafeicultores, sindicatos rurais, faculdades ligadas a agronomia e até uma empresa de fertilizantes estão pagando para que os dois "pesquisadores" propaguem a tese estapafúrdia de que o aquecimento global seria uma teoria da conspiração contra países em desenvolvimento e, em grande parte, ruralista - escopo que serve perfeitamente ao Brasil.
"Os objetivos [de quem fala em mudanças climáticas] são congelar os países em desenvolvimento. O Brasil é o principal foco dessas operações que envolvem meio ambiente e clima. A ideia da mudança climática e dessas questões ambientais são para segurar o nosso desenvolvimento", afirmou Felicio, sem respaldo científico, em uma entrevista concedida após palestra em uma faculdade do Mato Grosso em 2019.
A tese defendida por Felício, que chegou a ser cotado para ser ministro do Meio Ambiente antes de Ricardo Salles, dá amparo e vai ao encontro da política conduzida pelo governo Jair Bolsonaro (Sem partido), tratado como pária na COP26.
Levantamento feito pela BBC mostra que ao menos 20 palestras do tipo foram feitas pelos dois bolsonaristas nos últimos três anos. As apresentações são direcionadas a outros fazendeiros, produtores rurais ou estudantes de agronomia.
"Ao mesmo tempo em que negam o aquecimento global antropogênico, as palestras pagas e vistas por ruralistas os absolvem de reconhecer seu papel nas mudanças climáticas. Elas seriam, de acordo com o conteúdo contrário ao consenso científico apresentado pelos professores, somente fruto de variações naturais, sem interferência alguma do homem", diz o texto.