Depois de uma intensa troca de xingamentos entre o dirigente do PL, Valdemar Costa Neto, e o presidente Jair Bolsonaro, o partido parece estar disposto a atender as vontades do chefe do Executivo. O PL garantiu carta branca a Valdemar Costa Neto para acertar a filiação de Bolsonaro com o objetivo de tê-lo nas eleições de 2022.
Após reunião de todos os dirigentes estaduais do Partido Liberal, a legenda decidiu que o PL "está pronto e alinhado" para Bolsonaro e que "Valdemar Costa Neto, tem carta branca para conduzir e decidir sobre a sucessão presidencial e a filiação do presidente Jair Bolsonaro”.
A mensagem foi difundida pela assessoria do partido nesta quinta-feira (17).
Bolsonaro se filiaria ao PL no dia 22 de novembro, mas a cerimônia prevista foi suspensa após uma troca de xingamentos com Valdemar Costa Neto, na madrugada de domingo (14). O presidente teria exigido o controle do partido e o compromisso de que o partido não se alinharia com partidos de esquerda nas coligações regionais em 2022. O dirigente liberal teria mandado Bolsonaro "tomar no cu" - e o outro respondeu da mesma maneira.
A reconciliação deve passar por alguns acordos entre o PL e Bolsonaro. “O casamento tem que ser perfeito. Se não for 100%, que seja 99%. Se até lá nós afinarmos pode ser, mas eu acho difícil essa data, 22. Tenho conversado com ele [Valdemar], estamos de comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento, para que ele não comece sendo muito igual aos outros”, afirmou Bolsonaro no dia 14.
Caso Bolsonaro desistisse do PL, o partido já planejava uma retaliação. Costa Neto estaria disposto a liberar das votações na Câmara a bancada de 43 deputados do partido, um dos principais fiéis da balança do governo.
Quem é Valdemar da Costa Neto, presidente do PL?
Em vídeo divulgado nas redes sociais no fim de outubro, Valdemar Costa Neto prometeu que a legenda irá “desempenhar um papel de maior protagonismo no contexto da política nacional” nas eleições de 2022 e reforçou publicamente convite de filiação para Bolsonaro, seus filhos e apoiadores. Terceiro maior partido da Câmara, atrás de PSL e PT, o PL se aproximou de Bolsonaro junto de outros partidos do centrão e possui um ministério, a Secretaria de Governo, ocupada por Flávia Arruda (PL-DF), e o comando do Banco do Nordeste.
Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do mensalão, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto se sentou ao lado das principais autoridades presentes na cerimônia de posse de Arruda: Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que também tomou posse.
Valdemar Costa Neto foi condenado a sete anos e dez meses de prisão. Depois de cumprir dois anos e meio da pena, em 2016, recebeu indulto do Supremo Tribunal Federal (STF).