No mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra, Sérgio Camargo soltou mais uma de suas declarações absurdas. Participando de um evento conservador em Florianópolis, Santa Catarina, neste domingo (14), Camargo disse que "defende que o nome" da Fundação Palmares, da qual é presidente, seja alterado para Fundação Princesa Isabel.
O bolsonarista também afirmou que ela seria homenageada no evento por ele e por Dom Bertrand, monarquista brasileiro e porta-voz do Ramo de Vassouras da Família Orléans e Bragança. "De qualquer forma, a imagem dela [Princesa Isabel] será destacada na nova sede da instituição, que logo será reformada", escreveu Camargo.
Camargo é um peso-pesado da tropa de choque do presidente de extrema direita que ocupa o Palácio do Planalto. Desde que foi nomeado para o órgão público, ele ocupa seus dias fazendo publicações odiosas, recheadas de xingamentos e de opiniões abjeta, o que para muitos é apenas uma forma de chamar a atenção, num desses casos que só a psicologia e psiquiatria explicam.
Protagonismo dado à Princesa Isabel é criticado
No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea que resultou na abolição da escravidão, e colocou fim a quase quatro séculos de barbárie contra a população africana e afro-brasileira. No entanto, o protagonismo dado à ela é muito criticado pelo movimento negro.
Em artigo escrito para a Revista Fórum, Raphael Silva Fagundes ressalta que "quando se cultua a princesa Isabel, cultua-se a cultura branca, conservadora e católica".
Douglas Belchior, historiador e membro da Uneafro Brasil, diz que o "movimento negro desconstrói as ideias do dia da libertação e da princesa Isabel como libertadora e redentora". Por isso, o dia 13 de maio vem sendo reivindicado para reflexão sobre a abolição inacabada e a mentira construída em cima disso. "A população negra continua estruturalmente no mesmo lugar em que estava no dia seguinte à abolição”, afirma.