No período entre 1° de outubro e 8 de novembro o governo de Jair Bolsonaro empenhou, ou seja, deixou reservado para pagar a parlamentares, R$ 3,3 bilhões em emendas de relator. A fortuna foi liberada justamente no período em que tramitou na Câmara a PEC dos Precatórios, o calote institucional que abriu espaço fiscal de mais de R$ 90 bilhões para que o presidente de extrema direita coloque em marcha o seu projeto eleitoreiro Auxílio Brasil, que pretende dar R$ 400 mensais para 17 milhões de família até o final de 2022, ano em que ocorrerá a disputa ao Palácio do Planalto, sem que isso estoure o teto de gastos do orçamento.
Do total reservado, R$ 3 bilhões foram usados até 4 de novembro, data da aprovação da PEC em 1° turno, e os outros R$ 300 milhões em emendas de relator foram liberados na última semana, quando a matéria foi aprovada definitivamente.
Esse valor (R$ 3,3 bilhões) corresponde a 36% de tudo que o governo liberou em emendas durante o ano de 2021 (R$ 9,3 bilhões) e foi revelado pelo portal UOL a partir dos sistemas Tesouro Gerencial e Integrado de Orçamento e Planejamento (Siop), o mecanismo que controla os gastos do governo federal.
Só entre 27 de outubro e 3 de novembro, a semana que antecedeu a votação da PEC dos Precatórios em 1° turno, Jair Bolsonaro soltou R$ 1,1 bilhão dos cofres da União para “agradar” deputados que decidiriam seu futuro político ao permitir ou não que o Auxílio Brasil se concretizasse, objetivo que no fim das contas foi alcançado pelo chefe do Executivo federal.