Que o governo Bolsonaro e seus aliados, desde o início da pandemia, atuaram contra todas as evidências científicas de como conter o vírus, não é novidade. Mas, com o relatório final da CPI da Covid, mais detalhes surgem de como se deram, por exemplo, as articulações palacianas em prol de métodos comprovadamente ineficazes contra a Covid.
O deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), quando líder do governo Bolsonaro na Câmara, articulou para que o presidente da República realizasse reunião com o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, investigado pela CPI da Covid.
A referida reunião aconteceu em abril de 2020, durante a primeira onda da pandemia, e ao mesmo tempo em que o CFM liberou o uso de remédios ineficazes contra a Covid. À época, o Conselho deliberou que o uso ou não de medicamentes como a Cloroquina, por exemplo, ficaria a critério de cada médico.
No dia 22 de abril de 2020, véspera da reunião entre Bolsonaro e o presidente do CFM, o deputado Vitor Hugo enviou um e-mail ao Palácio do Planalto com o assunto "Uso da cloroquina no combate ao Covid-19 (sic)". Em sua mensagem, o parlamentar bolsonarista cobrou prioridade para a realização do encontro.
Vitor Hugo não estava sozinho na empreitada. Uma semana antes, o deputado, também da base governista, Hiran Gonçalves (PP-RR), já tinha solicitado reunião com o Planalto para tratar do mesmo assunto, ou seja, cloroquina.
Em seu relatório final, a CPI considerou o parecer do CFM pró-cloroquina, publicado em abril 2020, como "temerária, criminosa e antiética". A Comissão recomendou a apuração de responsabilidade da entidade.
Ao defender o uso da cloroquina, o CFM deu embasamento para os futuros discursos do presidente Bolsonaro em favor do uso de remédios que são inúteis contra a Covid e ainda podem levar pessoas, principalmente as cardíacas, à morte.
Em maio de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS), emitiu comunicado onde dava "forte recomendação" contra o uso da cloroquina no combate à Covid.
Por fim, o Conselho Federal de Medicina, após vários estudos indicando a ineficácia de tais medicamentos, não mudou de posicionamento.
Com informaçoes do Metrópoles