A linguagem neutra surgiu nos últimos com o avanço da luta política dos grupos não binários. O objetivo dela é pensar uma estrutura linguística fora do binarismo de gênero, ou seja, para além do masculino e feminino.
Porém, mais do que reflexões sobre os seus objetivos, a linguagem neutra se tornou o novo alvo dos fundamentalistas e da extrema direita, que afirmam se tratar de mais uma estratégia para "confundir as crianças" e "destruir a família".
Dessa maneira, tal perspectiva não poderia ficar de fora do governo Bolsonaro.
Em uma medida de caráter autoritário e de censura, o Secretário Especial de Cultura do Governo Bolsonaro, Mario Frias, revelou em suas redes sociais que autorizou uma portaria que proíbe o uso da linguagem neutra nos projetos financiados pela Lei Rouanet.
"Com a minha autorização, o secretário da Lei Rouanet, Andre Porci, baixou uma portaria proibindo o uso desse expediente [linguagem neutra] nos projetos financiados pela Lei Rouanet", disse Frias.
O secretário também afirmou a "linguagem neutra, na verdade, não é linguagem, é mera destruição ideológica da nossa língua".
A medida tem caráter de censura, pois, ao determinar o que um projeto pode ou não conter em seu conteúdo, está se pré-determinando o que vai ser aprovado ou rejeitado pela Lei Rouanet.