VÍDEO: Nada espontâneo, Bolsonaro força aperto de mão com Guedes para aparentar normalidade

Em meio a crise no Ministério da Economia, ambos fizeram pronunciamento juntos e divulgaram um Brasil que não existe

Bolsonaro e Guedes em pronunciamento (Reprodução)
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Não foram só as expressões de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes que explicitaram a crise que assola o governo e o Ministério da Economia. Logo após o pronunciamento conjunto que fizeram nesta sexta-feira (22) para afirmar que o ministro fica no cargo, diante das especulações abertas após a debandada de secretários, Bolsonaro teve que forçar um aperto de mão para aparentar normalidade.

Ambos já estavam se levantando para deixar o local do pronunciamento quando o presidente surpreendeu o ministro: "Aperta a mão aí".

Assista ao vídeo do momento divulgado pelo portal Metrópoles.

https://twitter.com/Metropoles/status/1451648590154280970

Distopia

Bolsonaro e Guedes se reuniram no Ministério da Economia na tarde desta sexta-feira (22) para afinar o discurso e garantir a manutenção do titular da pasta. Após nova debandada de assessores e diante de péssimos resultados econômicos, especulou-se que Guedes deixaria o governo.

O presidente usou o encontro para demonstrar apoio ao ministro e evitar uma queda do principal fiador do governo com o mercado financeiro. A pressão pela demissão de Guedes cresceu após a saída de quatro secretários da Economia.

“Nós entendemos que economia está ajustada, não existe solavanco”, disse Bolsonaro.

O presidente e o ministro reafirmaram as intenções de criar o programa Auxílio Brasil a partir da aprovação da PEC dos Precatórios, que recebeu parecer favorável em comissão na Câmara.

Guedes, no entanto, reforçou que o programa, ao contrário do Bolsa Família, será temporário.

“Ninguém vai questionar esses 400 reais pros mais frágeis: subiu o preço da comida, subiu o preço do gás de cozinha”, disse. O ministro, no entanto, não falou em como frear essa alta de preços.

Em dado momento da coletiva, Guedes afirmou que o Brasil está “bem avaliado” no exterior. “Fui representar o Brasil lá fora, onde nós estamos muito bem avaliados. Porque o Brasil caiu menos, voltou mais rápido e está crescendo mais que a média dos avançados, da Zona do Euro, da América Latina. O Brasil vacinou 90% da população, a pandemia está sendo abatida. O Brasil vai crescer bem mais do que as projeções no ano que vem”, disse, sem apresentar qualquer dado que comprove essas afirmações. Nem mesmo o percentual da vacinação o ministro acertou: são pouco mais de 70% com uma dose e 50% com duas.

Debandada na Economia

Na quinta-feira (21), quatro ministros deixaram a pasta: Bruno Funchal, secretário especial de Tesouro e Orçamento; Gildenora Batista Dantas Milhomem, secretária especial adjunta de Tesouro e Orçamento; Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; e Rafael Araújo, secretário-adjunto do Tesouro Nacional.

Apesar do motivo real da debandada não ter sido explicitado pela pasta, nos bastidores especula-se que as demissões estejam ligadas à discordância dos secretários com as intenções de Bolsonaro e de Guedes de furarem o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, programa do governo que visa substituir o Bolsa Família. O novo programa, que tem claros objetivos eleitorais, não tem uma fonte de financiamento clara e pode não se sustentar por mais de um ano.