Vândalos picharam e colaram cartazes na fachada do prédio da Editora Três, em São Paulo, responsável pela publicação das revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro.
Foram colados nos muros e paredes cartazes com a frase "um editor de merda e seus colaboradores de merda que não respeitam o presidente e os que nele acreditam". Os autores não foram identificados.
A IstoÉ publicou reportagem de capa na semana passada em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é caracterizado como o líder nazista Adolf Hitler. No bigode aparece a palavra “genocida”.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, solicitou nesta quarta-feira, a abertura de inquérito contra a publicação para investigar crime contra a honra do presidente.
De acordo com ele, o documento foi encaminhado à Polícia Federal "para apuração imediata".
A editora afirmou através de nota que "com cartazes apócrifos" quem fez os ataques buscava agredir "a integridade física e patrimonial deste grupo de mídia, que defende o Brasil há mais de 45 anos".
O texto diz ainda que "as pichações e os cartazes visaram não apenas danos ao patrimônio, mas também a honra de diretores das publicações, uma atitude intolerável".
"A IstoÉ considera que esses atos antidemocráticos representam uma tentativa de ameaça à democracia, à liberdade de expressão e à imprensa livre, democrática e independente, garantidos pela Constituição", diz ainda a nota.
A Editora Três afirma que já adotou as medidas necessárias para identificar os autores. De acordo com a empresa, a polícia já foi acionada e está realizando diligências.
"Tudo será feito para garantir a tranquilidade da equipe e dos colaboradores, reafirmando a defesa enfática do Estado democrático de Direito."
A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e a ANJ (Associação Nacional de Jornais) publicaram nota conjunta de repúdio contra os ataques sofridos pela Editora Três.
"Os atos criminosos com pichações e colagem de cartazes no prédio da Lapa, em São Paulo (SP), que não foram assumidos publicamente por nenhum autor, representam ações antidemocráticas, que não podem ser toleradas em um país em que a Constituição preza pelos direitos à liberdade de imprensa e de expressão", diz o texto.
As três entidades "condenam os atos de desonra aos editores e diretores da publicação, que vieram a partir de manifestações extremistas".
"É essencial que as autoridades tomem as medidas necessárias para identificar e denunciar os autores dos ataques, de forma que a integridade dos jornalistas da Editora Três possa ser mantida. Acreditamos que um país livre e civilizado se faz por meio do pensamento crítico, de uma imprensa respeitada, de instituições firmes e do respeito às leis", afirma ainda a nota.
Com informações da Folha