O presidente da CPI do Genocídio, o senador Omar Aziz (PSD-AM), expôs nesta segunda-feira (18) que há um mal-estar no alto escalão da CPI por causa das divergências a respeito do relatório final dos trabalhos e por causa de trechos do documento que foram vazados.
"É do conhecimento do relator e de várias pessoas membras, principalmente do G7 que tinha divergências e que Renan iria ser convencido em relação ao genocídio. É de conhecimento dele. Ele não vazou esse relatório sem saber que a gente queria discutir essa questão. Então, se você me perguntar se está tudo bem. Não, não está tudo bem", declarou Aziz à Globo News.
O relatório final seria apresentado nesta terça-feira (19) e votado na quarta-feira (20), mas, após o vazamento a apresentação será nesta quarta, mas a votação apenas na próxima quarta-feira (27).
O ponto que mais tem gerado discórdia entre a direção da CPI é sobre a proposta de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelo crime de genocídio contra a população indígena.
Para o presidente da Comissão, após o vazamento de parte do relatório, não há "clima" para discutir o texto final.
"Se você perguntar para mim 'Omar, está tudo bem?'. Lógico que não está tudo bem. Na sexta-feira tivemos uma reunião após a sessão que fez a convocação e convidou essas pessoas para serem ouvidas hoje e amanhã, nós acertamos e ali alguns senadores se posicionaram 'olha, essa questão do genocídio nós temos que analisar bem'. E o senador Renan estava presente na reunião", criticou Aziz.
Posteriormente, Aziz afirmou que ninguém é "dono da verdade". "O que ficou acordado é que nós teríamos uma reunião hoje (18) ao final da sessão e depois dessa sessão nós chegaríamos a um acordo para chegar na votação do relatório mais ou menos, está certo? Ia haver divergência? Ia. Mas unificado. E não a imposição de um relatório achando que alguém é dono da verdade a essa altura do campeonato", disse.
Randolfe Rodrigues: Paulo Guedes deve ser indiciado
O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), declarou nesta segunda-feira (18) que o vazamento do relatório da CPI do Genocídio foi um dos motivos para o adiamento da leitura do relatório final.
"O texto não deveria ter sido vazado. Deveríamos ter consolidado todas as contribuições e, aí sim, encaminhar o texto da parte do relator. O vazamento do texto antes de terem sido consolidadas as contribuições criou de fato um incômodo. Incômodo que temos que superar", disse Randolfe.
Além do vazamento, o fato da leitura e da votação do texto final ter menos de 24h de espaço, também foi motivo de divergência.
"Ocorre que uma eventual vista de apenas 24 horas, no nosso entender, poderia causar eventual argumentação de nulidade, na fase posterior, quando o relatório for encaminhado para as providências por parte do Ministério Público."
Indiciamento de Paulo Guedes
O senador Randolfe Rodrigues revelou ao UOL que Alessandro Vieira sugeriu que o relatório tenha o pedido de indiciamento de Paulo Gudes e do secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida. Ambos podem ser indiciados por crime contra a ordem sanitária.
"Documentos que chegaram a CPI dão a devida responsabilidade do Ministério da Economia na condução errada da crise sanitária e na busca de uma chamada imunidade de rebanho. Isso para mim tem elementos de crime contra a ordem sanitária", disse Randolfe.
Além disso, Randolfe afirmou que o presidente Bolsonaro deverá ser indiciado pelos crimes de genocídio e contra a humanidade, pois, ambos estão previstos no Estatuto de Roma, do qual é o Brasil é signatário.
O vice-presidente da CPI afirma que o presidente cometeu genocídio contra a população indígena e crime contra a humanidade em relação à falta de oxigênio em Manaus (AM) e nas denúncias do caso da Prevent Senior.
Com informações da Globo News e UOL.