Em discurso realizado na sexta-feira (15) em razão do Dia Mundial da Alimentação, celebrado neste sábado (16), o ex-presidente Lula reafirmou seu compromisso de lutar contra a fome e criticou a mentalidade escravista da elite econômica brasileira.
"A cabeça da elite brasileira ainda é escravista, [esse] é o único significado da existência da fome no país. A gente pode produzir o que quiser, mas, se o povo não tiver dinheiro, ele não come", afirmou Lula em encontro com movimentos de agricultura familiar, campesinos, das florestas, das águas, indígenas e quilombolas.
"A cabeça da elite econômica brasileira não mudou. A escravidão acabou apenas teoricamente em 1988. Como era a vida do negro que vivia na senzala e como ficou? Ele passou a ser um pária da sociedade, não tinha assistência, não tinha nada", disse ainda.
O ex-presidente defendeu que o combate à fome seja a principal prioridade. “É esse mal desgraçado da fome que nós temos que colocar como prioridade para gente poder fazer este país ficar humanizado, civilizado”, pregou.
"Não é só fome de comida, mas é fome de tudo o que eu falei que a gente precisa resolver para este país se transformar numa nação", acrescentou.
Retorno da fome no Brasil de Bolsonaro
O retorno da fome ao país no governo Jair Bolsonaro já é uma realidade. Estão cada vez mais comuns cenas de brasileiros recorrendo a ossos e outras partes do boi que seriam descartadas para se alimentar. Um indicador da Conab estima que o consumo de carne (bovina, suína, de peixes, de aves) será o menor no Brasil dos últimos 25 anos.
A inflação registrada somente em relação às carnes frescas, no período de julho de 2020 a junho de 2021, foi de 38%, segundo o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Relatório da FAO, organismo da ONU para alimentação e a agricultura, divulgado em julho revelou ainda que dobrou o número de brasileiros que passam fome desde 2018.
Em live, Bolsonaro chegou a admitir que a comida era mais barata nos governos Lula e Dilma Rousseff.