"Meu sonho": é assim que o ex-presidente da Câmara e atual secretário de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo projeta seu trabalho de unir duas vertentes que até bem pouco tempo se mostravam completamente antagônicas em uma chapa composta pelo governador paulista João Doria, do PSDB, e o ex-ministro de Lula, Ciro Gomes, do PDT, para as eleições presidenciais de 2022.
Em entrevista a Cristiane Agostine e César Felício na edição desta sexta-feira (1º) do Valor Econômico, disse que a aliança entre os dois pré-candidatos criaria um "fato novo" e seria "a melhor chapa" na disputa que segue polarizada entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (Sem partido).
"Ciro tem vantagem porque é mais conhecido nacionalmente, tem muita experiência, um belo exemplo para mostrar. Mas, a princípio, o campo que tem mais condições de construir é o da centro-direita. Meu sonho é conseguir fazer uma aliança com a centro-esquerda. A relação do Doria e Ciro permite isso? Não sei. PSDB e PDT construiriam um fato novo e fariam a melhor chapa", diz.
Para Maia, a fusão dos dois nomes para a terceira via - que tem o apoio da elite e da mídia neoliberal -, tem como principal entrave a pauta econômica.
"Para isso, faz um corte numa agenda econômica mínima, com convergências. O grande problema para o nosso eleitorado e o do Ciro é a agenda econômica. Ele fala de maior intervenção do que o nosso campo defende", ressalta.
Maia ainda defende que se continue conversando com todos, "inclusive com o PT", para se formar uma grande coalizão para derrotar Jair Bolsonaro.
"O Brasil vai precisar de uma grande aliança. Tem que continuar conversando inclusive com o PT. O pós-Bolsonaro vai ter a necessidade de uma grande agenda nacional. Na área social tem divergência de projeto, mas é muito menor. Até a extrema direita foi obrigada a convergir para o Bolsa Família. Não vejo como não convergir o PSDB com o PDT", afirmou.
Conversas com Lula
Maia ainda afirma que teve duas "conversas públicas" com Lula, "mas depois que vim para o governo, eles pararam".
"Besteira, tem que conversar com todo mundo. Temos problemas na democracia que requerem proximidade e diálogo", diz ele.
Ainda descrente da capilaridade da terceira via, Maia diz que Lula "tem capacidade de governabilidade" e "se for eleito, vai ajudar a organizar o que desorganizou".
"Ele [Lula] já provou que tem capacidade de governabilidade. Se for eleito, vai ajudar a organizar o que desorganizou. Essa pulverização partidária é culpa dele. Não quis aliança com o MDB e fez isso com partidos do Centrão, que eram satélites. Se ganhar, ele ajudará a consolidar o sistema democrático".