Após admitir que comida está cara, Bolsonaro volta a comparar feijão e arma

"A esquerda fala que a gente não come arma, come feijão", debochou o presidente

Bolsonaro. Foto: Twitter (Reprodução)
Escrito en POLÍTICA el

Um dia após admitir em em live que a comida era mais barata na Era Lula, o presidente Jair Bolsonaro voltou a comparar feijão com arma. A explosão dos preços está fazendo com que os brasileiros reduzam o consumo do arroz e do feijão, base da alimentação no país.

"A esquerda fala que a gente não come arma, come feijão. Quando alguém invadir sua casa, dá tiro de feijão nele", debochou Bolsonaro.

A fala feita a apoiadores no cercadinho do Alvorada, retoma uma declaração dada em agosto. “Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Um povo armado jamais será escravizado. Tem um idiota que diz: cê tem que comprar feijão. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, disse, na ocasião.

A declaração irônica do presidente demonstra, mais uma vez, a completa desconexão do chefe do Executivo com a realidade da população.

Levantamento feito pelo economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para o jornal Valor Econômico esta semana, mostra que o prato de arroz e feijão registra o período mais prolongado de alta acumulada acima de 10% em 12 meses dos últimos nove anos. Os alimentos acumulam um aumento de 23,48% entre agosto de 2020 e de 2021

Pesquisa Datafolha realizada entre 13 e 15 de setembro revela que 36% da população afirma ter reduzido o consumo de feijão e 34% de arroz.

Em live realizada na quinta-feira, Bolsonaro acabou admitindo que nos governos Lula Dilma Rousseff a comida era mais barata. “Muita gente quer que esse pessoal que fazia essas barbaridades volte pro governo. ‘Ah, naquele tempo a comida estava mais barata’. Tava mais barata sim, mas tivemos a tal da pandemia que influenciou a inflação no mundo todo”, disse.

Retorno da fome no Brasil de Bolsonaro

Nos últimos dias, diversas reportagens tem mostrado o drama do retorno da fome ao país. Estão cada vez mais comuns cenas de brasileiros recorrendo a ossos e outras partes do boi que seriam descartadas para se alimentar. Um indicador da Conab estima que o consumo de carne (bovina, suína, de peixes, de aves) será o menor no Brasil dos últimos 25 anos.

A inflação registrada somente em relação às carnes frescas, no período de julho de 2020 a junho de 2021, foi de 38%, segundo o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Relatório da FAO, organismo da ONU para alimentação e a agricultura, divulgado em julho revelou ainda que dobrou o número de brasileiros que passam fome desde 2018.

Na segunda-feira (27), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou no STF ação em que questiona omissão do governo Bolsonaro no combate à fome.

ASSISTA

https://twitter.com/fernandapsol/status/1443997230076252162