Para além das tentativas da criação de uma "CPI da Mamata" para investigar os gastos bilionários do Executivo Federal, que repercutiram essa semana principalmente pelo gasto de R$15 milhões em leite condensado somente em 2020, parlamentares têm agido para que o governo explique as instabilidades no Portal da Transparência, plataforma em que os gastos da gestão Bolsonaro são divulgados.
Entre a noite desta terça-feira (26) e a manhã desta quarta-feira (27), o site ficou fora do ar, justamente quando a notícia dos gastos veio à tona, enquanto cidadãos e jornalistas buscavam mais dados sobre as compras suspeitas.
A Controladoria-Geral da União (CGU), por meio de um comunicado divulgado na manhã desta quarta-feira (27), alegou que o Portal da Transparência ficou fora do ar por conta do "excesso de acessos".
A justificativa, no entanto, não convenceu. A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) apresentou na Câmara, também nesta quarta-feira, um requerimento em que solicita ao ministro da CGU, Wagner de Campos Rosário, informações sobre a instabilidade no acesso ao Portal da Transparência.
"A coincidência entre o momento da instabilidade no site e a descoberta de fatos suspeitos envolvendo alguns dos fornecedores do executivo não tem como não gerar desconfiança, afinal, o portal de prestação de contas, poderia elucidar indícios de irregularidade nas operações relativas aos altíssimos gastos feitos pelo Governo Federal", afirma a petista.
"Bolsonaro quer esconder o quê? Para assegurar a credibilidade do Portal da Transparência, é imprescindível que os questionamentos apresentados em nosso requerimento sejam devidamente respondidos", completa.
Quem também resolveu reagir com relação ao tema foi o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que entrou com um requerimento na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o órgão investigue a queda do site.
"Sabemos que o Brasil é um país grande e que o custo de vida varia bastante de acordo com a região, mas os preços ali praticados não se justificam. E tudo fica pior quando o instrumento criado para fiscalizar a administração pública sai do ar justamente no dia da divulgação dos gastos astronômicos da Presidência da República", diz o senador.