Em meio ao crescente movimento no meio político, jurídico e também na sociedade civil pelo impeachment de Jair Bolsonaro, o senador Cid Gomes (PDT-CE) resolveu caminhar no sentido contrário e expor que não é a favor da abertura de um processo de impedimento do presidente.
"Não podemos vulgarizar essa coisa de impeachment. Salvo melhor juízo, ele [Bolsonaro] deve continuar aí, e a gente, de qualquer forma, ver o preço que tem que pagar por uma escolha ruim e pensar mais nas consequências das nossas escolhas. O brasileiro cada vez mais está escolhendo no dia da eleição e não deve ser assim. Isso é ruim, é problemático", afirmou Cid em entrevista ao Sistema Verdes Mares divulgada nesta terça-feira (19).
Ao se posicionar contra o impeachment, o senador antagoniza com a posição de seu irmão, Ciro Gomes, que é virtual candidato à presidência em 2022, e de seu próprio partido, o PDT, que já assinou mais de duas peças de impeachment contra Bolsonaro protocoladas na Câmara dos Deputados.
"O PDT já discutiu e deliberou pela defesa do impeachment. Se houver qualquer deliberação (sobre o impeachment), prevalecerá a decisão partidária, mas, enquanto não houver essa decisão, tenho ponderado que a gente não pode vulgarizar um instrumento que, ao meu juízo, é para ser utilizado em oportunidades extraordinaríssimas. Até para que isso não se vulgarize e seja usado como fato ideológico. Alguém progressista assume o poder, e com isso vulgarizado por questões ideológicas, alguém vai querer justificar o impeachment, usando um pano de fundo como corrupção. Deve ser o último recurso e em raríssimas exceções", explicou o parlamentar.
Em outra ponta, seu irmão, Ciro Gomes, intensifica dia a dia sua posição de que somente um impeachment seria capaz de resolver a crise de saúde, econômica e social que assola o Brasil. Para se ter uma ideia, o ex-governador do Ceará, somente nesta terça-feira (19), fez três postagens em seu Twitter com hashtags relacionadas ao afastamento de Bolsonaro.