O procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes decidiu abandonar a operação Greenfield, conduzida pelo Ministério Público de Brasília, nesta sexta-feira (4), em meio a uma debandada de procuradores ligados à Lava Jato. Cordeiro Lopes era um dos responsáveis pelas investigações que apuram fraudes supostamente cometidas por Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro, em fundos de pensão das empresas estatais.
“Entre meus motivos para tal decisão, além do desejo de realmente dar mais atenção a assuntos e relações familiares, pesou bastante minha insatisfação com a insuficiência de dotação de uma estrutura adequada de trabalho à força-tarefa”, disse Cordeiro Lopes em trecho de carta enviada a colegas, obtida Coluna do Fausto Macedo, do Estado de S. Paulo.
"Hoje, a Greenfield é um universo imenso de casos e investigações, que envolve cifras bilionárias (ou trilionárias, considerando que temos dados bancários que somam cerca de três trilhões de reais, ao todo, em casos de nosso Simba), sendo de grande relevância e impondo enorme responsabilidade, não sendo possível que um só procurador da República se dedique com exclusividade a esse complexo investigativo", afirma ainda. O procurador critica a PGR por não ter estendido o contrato de dois colegas que atuavam junto a ele.
Segundo informações da revista Crusoé, Guedes ajudou no desmanche da Operação Greenfied, apontando “excessos” da operação. Promotores acusavam Guedes de ser o responsável por crimes de gestão fraudulenta e temerária à frente de dois fundos de investimentos (FIPs) que receberam R$ 1 bilhão, entre 2009 e 2013, de fundos de pensão ligados a empresas públicas.
No dia 15 de agosto, o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), suspendeu as investigações por 40 dias. Em 22 de setembro, a 3ª Turma do TRF-1 deve definir se a apuração vai prosseguir ou não.
Confira aqui a carta do procurador