A faixa colocada no local é clara: “Aqui os ditadores tentaram esconder os desaparecidos políticos, as vítimas da fome, da violência, do Estado policial, dos esquadrões da morte e, sobretudo, os direitos dos cidadãos pobres da cidade de São Paulo. Fica registrado que os crimes contra a liberdade serão sempre descobertos”.
Assina o texto a então prefeita da cidade, Luiza Erundina, e a Comissão dos Familiares de Presos Políticos Desaparecidos.
Nesta sexta-feira (4) faz exatos 30 anos que a vala de Perus, como ficou conhecida posteriormente, foi localizada e aberta, no cemitério Dom Bosco, na periferia de SP, na gestão de Luiza Erundina.
Foram encontradas no local 1.049 ossadas de indigentes, presos políticos e vítimas dos esquadrões da morte.
Uma biografia
O Instituto Vladimir Herzog (IVH) lançou na última terça-feira (1º) o livro "Vala de Perus: uma biografia", que marca os 30 anos da descoberta de mil ossadas de pessoas mortas e desaparecidas durante a ditadura militar na vala clandestina construída na década de 1970.
“Após três décadas da abertura da vala, que foi um marco fundamental para todos que lutam por Memória, Verdade e Justiça, vivemos infelizmente um momento em que o presidente do nosso país elogia torturadores publicamente e não hesita em fazer apologia ao terror ditatorial. Neste contexto, este livro existe para que as pessoas saibam o regime de morte e terror que foi a ditadura brasileira”, afirma o diretor executivo do IVH, Rogério Sottili.
No projeto, em parceria com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura da Cidade de São Paulo (SMDHC) e por meio de emenda parlamentar da vereadora do município de São Paulo Juliana Cardoso, o jornalista Camilo Vannuchi resgata a história da vala, em oito capítulos.
Na última quarta-feira, os jornalistas Dri Delorenzo e Renato Rovai entrevistaram Vanuchi no programa Fórum Onze e Meia. Veja a entrevista abaixo a partir do minuto 39:30: