Depois de uma reação negativa do mercado financeiro diante da notícia que o governo usará recursos de precatórios para financiar seu programa social, o Renda Cidadã, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira (30) que essa fonte não será usada para bancar a iniciativa. A declaração foi dada em entrevista em que comentava dados do mercado de trabalho, em seu ministério.
Na segunda-feira (28), quando o programa foi anunciado, o senador Márcio Bittar (MDB-AC) divulgou, ao lado de Guedes, que parte do dinheiro reservado para os precatórios seria destinada para o programa de transferência de renda que visa substituir o Bolsa Família. Além disso, elencou uma parte dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) como outra fonte de renda da iniciativa.
Na ocasião, o ministro também falou e não fez nenhuma objeção ao que estava sendo anunciado.
Mas o mercado financeiro não gostou do anúncio de que verbas para pagar dívidas judiciais do governo seriam usadas para outro fim. Naquele dia, a cotação do dólar subiu para R$ 5,6358, no maior nível desde 20 de maio, e o Ibovespa caiu 2,4%, para 94.666 pontos, menor patamar desde 10 de junho.
Recado para o mercado
Guedes apareceu de surpresa na entrevista coletiva de anúncio dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Ali, sem a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou outros parlamentares, aproveitou para passar o recado ao mercado financeiro.
Ele disse que o senador Bittar, relator do Orçamento 2021 no Congresso, está fazendo os próprios estudos, enquanto a equipe econômica também faz avaliações sobre o programa
“Se queremos respeitar teto, temos que passar lupa em todos os gastos, para evitar propostas de romper o teto, de financiar o programa de forma equivocada, que nunca foi nossa ideia”, disse Guedes. Para ele, a fonte de recursos dos precatórios “não é saudável, limpa, permanente ou previsível”.
“O programa Renda Brasil é uma consolidação de 27 programas, possivelmente com fontes adicionais. Não se trata de buscar recursos para financiar isso, muito menos recursos de uma dívida que transitou em julgado e que é líquida e certa, nós não faremos isso. Nós estamos aqui para honrar compromissos”, disse. E aqui estava o recado que ele queria mandar ao mercado financeiro.
- * Com informações da Folha de São Paulo