O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, respondeu às críticas de Joe Biden à falta de compromisso do governo de Jair Bolsonaro com a preservação do meio ambiente com uma estratégia típica do bolsonarismo: negou as acusações, reclamou da “hipocrisia internacional” e lançou denúncia contrária, afirmando que os recentes incêndios na Costa Oeste dos Estados Unidos são responsabilidade do Partido Democrata, que o senador representa.
A declaração aconteceu nesta quarta-feira (30), durante entrevista do ministro à CNN Brasil. Na noite anterior, durante o primeiro debate presidencial das eleições nos Estados Unidos, Biden afirmou que o governo de Bolsonaro demonstra falta de compromisso com a preservação do meio ambiente, e prometeu criar um fundo de 200 bilhões de dólares para ajudar o Brasil a recuperar as florestas, mas que estaria condicionado a uma mudança de política por parte do governo em matéria ambiental – e o país ainda ficaria sujeito a possíveis sanções econômicas caso não altere essas políticas.
Na entrevista, Salles afirmou que os comentários de Biden sobre o Brasil foram “bobagens”, e ironizou o valor do fundo proposto pelo candidato democrata, dizendo que “não é compatível com o tamanho do desafio da Amazônia”.
“Há uma hipocrisia a respeito da Amazônia e do Pantanal nesse momento, assim como aconteceu em tempos passados. Veja que a Califórnia está pegando fogo, em um governo democrata, do mesmo partido do Joe Biden, que falou aquelas bobagens no debate”, comentou Salles, lembrando que o estado é governado por Gavin Newsom, do Partido Democrata, o mesmo de Biden.
Em seguida, também lembrou que todos os estados da Costa Oeste estadunidense, onde ocorre a maioria dos incêndios, possuem governadores democratas: o Oregon é administrado por Kate Brown e o estado de Washington é liderado por Jay Inslee.
No entanto, por serem incêndios de proporção nacional, que afeta diferentes estados do país, a responsabilidade maior para enfrentá-los é do governo federal, cujo representante é Donald Trump, aliado de Jair Bolsonaro – mas que, curiosamente, ficou isento de críticas por parte do ministro Salles.