O Ministério Público do Rio de Janeiro enviou à Corregedoria do MPF, no final de julho deste ano, uma representação disciplinar contra dois procuradores que detectaram suspeitas de obstrução na investigação do caso Marielle Franco. A acusação do procurador-geral de Justiça José Eduardo Gussem, que assinou a representação, foi que ambos atuaram fora de suas atribuições ao tomar depoimento do miliciano Orlando Oliveira de Araújo em agosto de 2018.
Conhecido como Orlando da Curicica, o miliciano era o principal suspeito de ser o mandante do assassinato da vereadora. Aos procuradores, no entanto, Orlando revelou que a Polícia Civil do Rio estava lhe pressionando para que assumisse a autoria do assassinato, em tentativa de obstruir as investigações do caso.
A representação contra Caroline Maciel e Rodrigo Telles chegou à Corregedora-Geral do MPF, Elizeta Ramos de Paiva, no início desse mês. Segundo informações da revista Época ela solicitou aos dois que apresentassem esclarecimentos sobre o assunto.
Em defesa apresentada à Corregedoria, os procuradores afirmaram que atuaram "no estrito cumprimento de seus deveres funcionais". "O posterior envio do material em referência à Procuradoria-Geral da República, e não ao Ministério Público do Rio de Janeiro, decorreu naturalmente da circunstância de que os relatos se referiam a possível comprometimento, em elevada intensidade e larga amplitude, da isenção de autoridades estaduais", afirmaram.