Procurador que dá nome ao grupo de Whatsapp revelado pela Vaza Jato, Januário Paludo abriu processo para tentar censurar o jornal Valor Econômico, que pertence ao grupo Globo, por reportagem que mostra sua ligação com o doleiro Dario Messer, considerado "o doleiro dos doleiros".
Januário Paludo quer censurar uma reportagem publicada pelo jornal em dezembro de 2019 que mostra que ele está sendo investigado em um procedimento criminal no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Segundo a reportagem, em conversas interceptadas pela PF, o doleiro Dario Messer menciona suposta propina paga a Paludo em troca de proteção.
Os diálogos de Messer com a namorada, Myra Athayde, ocorreram em agosto de 2018 e descrevem um esquema de pagamento mensal de propina ao procurador.
Na conversa, Messer fala sobre os processos a que responde e cita reunião de uma das testemunhas de acusação contra ele com o procurador. “Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês”.
Segundo a PF, os meninos de Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca, que trabalharam com ele em esquemas de lavagem de dinheiro investigados pela Lava Jato e viraram delatores depois que foram presos.
Em depoimento, os “meninos” disseram ter pago US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado Antonio Figueiredo Basto em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público.
Censura
Na ação contra o Valor Econômico, Paludo diz que o Valor mentiu ao dizer que ele se tornou alvo de investigação penal no Superior Tribunal de Justiça.
Na ação, o procurador da Lava-Jato diz que a notícia sobre ligação dele com o "doleiro dos doleiros" teria tirado o sossego e o bem-estar de sua família, amigos e colegas de trabalho, fazendo com que ele vivesse a angústia diária "de saber que permanece amplo e irrestrito o acesso à tais falsas informações para milhares de pessoas".
Nas conversas reveladas pela Vaza Jato, no entanto, o procurador não aparenta a sensibilidade mostrada na ação.
No grupo com os colegas da força-tarefa, Paludo faz comentários sobre a morte da ex-primeira-dama, Marisa Letícia, dizendo que "estão eliminando testemunhas", referindo-se às investigações contra o ex-presidente Lula.
"Sempre tive uma pulga atrás da orelha com esse aneurisma. Não me cheirou bem. É a segunda morte em sequência", disse ele.
Paludo também se posicionou contra a ida de Lula ao velório do seu irmão Vavá.
Leia o processo movido por Januário Paludo contra o Valor na íntegra