O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos admitiu através de nota ao Uol que "interage" com a organização ultraconservadora norte-americana, Alliance Defending Freedom (ADF), reconhecida por monitores de extremismo da Southern Poverty Law Ceter (SPLC), como “grupo de ódio”.
Já o grupo, que ampliou sua influência nos Estados Unidos durante o governo Trump, quando procurado pela matéria, se manteve em silêncio perante os pedidos de esclarecimento feitos pelo jornal online.
O Ministério de Damares Alves, quando questionado, argumentou sobre os interesses em comum entre a pasta e o ADF em “defender os valores humanos” e alegou que não havia desconforto algum em manter uma associação com o grupo norte-americano, pois uma vez investigado pelos funcionários do gabinete, o mesmo não apresentaria nenhuma ameaça enquanto grupo de ódio.
“De fato, até o momento, nas interações com a ADF, não identificamos nenhum posicionamento radical ou desrespeitoso para com qualquer segmento social. Por outro lado, o que visamos efetivamente, não é o ódio, mas o fortalecimento de vínculos familiares, cidadãos, sociais e internacionais com um profundo respeito ao pluralismo. ”, contou o Ministério.
Há tempos o Brasil vem tentando vetar resoluções legais nos trâmites jurídicos que pudessem abrir brechas para a legalização do aborto enquanto questão de saúde pública e sexual. O País ainda se movimentou diversas vezes para reconhecer o papel religioso na defesa dos direitos das mulheres.
Funcionários do Governo responsáveis pelas relações entre Brasil e a Organização das Nações Unidas (ONU) também alertaram para a aproximação nacional com a ADF, pois ambos partilham de ideias muito próximas, como por exemplo a campanha antiaborto.
Sob a bandeira pró-vida, a ADF argumenta que os governos precisam reconhecer o direito à vida dos fetos durante o período de gestação.
“O aborto legal não protege as mulheres. O aborto certamente mata os bebês no útero, mas também pode levar à lesão ou à morte da mãe. A Alliance Defending Freedom tem auxiliado os advogados aliados no litígio de vários desses casos e continuará a proteger o bem-estar físico tanto da mãe quanto do filho. ”, defendeu a ADF.
O grupo ganhou notoriedade na imprensa após apoiar um confeiteiro que se negou a fazer um bolo de casamento para um casal homossexual.
A entidade norte-americana SPLC, que se dedica aos estudos antirracistas, injustiças sociais e mapeia grupos de ódio nos EUA, classificou a ADF como grupo de ódio por conta da postura anti-LGBT da organização.
Com informações da Uol