Jair Bolsonaro voltou a atacar jornalistas neste domingo (23) ao ser questionado sobre os depósitos de Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Mais uma vez surgiu a comparação do presidente com o general Newton Cruz, que em 1983, quando o Brasil ainda vivia uma ditadura militar, agrediu ao vivo o jornalista Honório Dantas.
“Gravíssimo. Bolsonaro ameaça repórter ao ser perguntado sobre depósitos na conta da primeira-dama. Repete agressividade de Newton Cruz durante a ditadura. Na democracia, tal atitude não pode ser tolerada. Chega deste tensionamento diário. Fora Bolsonaro”, disse a deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Em maio, a comparação com o general surgiu nas redes sociais quando Bolsonaro mandou uma jornalista “calar a boca”, após ser questionado sobre a sua interferência na Polícia Federal, conforme denúncia do ex-juiz Sergio Moro.
A ameaça deste domingo foi ainda pior. “A vontade que eu tenho é de encher sua boca de porrada”, disparou o presidente a um repórter do jornal O Globo, durante visita à Catedral de Brasília. Ele perguntou por que Michelle recebeu depósitos de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flavio Bolsonaro.
Queiroz, e a esposa, Marcia Aguiar, repassaram R$ 89 mil para a primeira-dama, segundo a revista Crusoé. Foram 21 cheques de Queiroz, num total de R$ 72 mil, e outros seis de Márcia Aguiar, totalizando R$ 17 mil.
Quem foi Newton Cruz
O general Newton Cruz foi chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações, entre 1977 a 1983, e do Comando Militar do Planalto. É acusado de ter participado ativamente da repressão na ditadura militar, inclusive da morte do jornalista Alexandre von Baumgarten, baseado no testemunho do bailarino Claudio Werner Polila.
Em 2014, Newton Cruz foi denunciado, juntamente com quatro oficiais da reserva do Exército e outros dois réus, por crimes no atentado a bomba no Riocentro, em 1981. Mas conseguiu um habeas corpus porque o crime foi considerado prescrito.
Assista ao vídeo da agressão do general Newton Cruz: