A delação de Antonio Palocci, vazada por Sérgio Moro às vésperas das eleições de 2018, foram inventadas com base "em pesquisas de internet", sem "acréscimo de elementos de corroboração, a não ser notícias de jornais". Essa é a conclusão do delegado Marcelo Daher, da Polícia Federal, em documento enviado ao Ministério Público Federal (MPF).
Em diálogos divulgados pela Vaza Jato em julho de 2019, o próprio Moro teria dito a procuradores da Lava Jato que achava fraca a delação do ex-ministro contra Lula. Mesmo assim, Moro resolver levantar sigilo da delação a seis dias do primeiro turno das eleições presidenciais.
Segundo informações divulgadas neste domingo (16) por Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo, e pelo site Consultor Jurídico, Palocci não apresentou nenhuma prova que corroborasse as informações delatadas.
O episódio investigado pela PF refere-se à suposta tentativa de petistas e banqueiros de "operar o Banco Central". A PF concluiu que esse episódio, narrado por Palocci, não aconteceu.
A "operação" do Banco Central, na narrativa de Palocci, teria ocorrido em meados de 2011, quando o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria informado ao banqueiro André Esteves — do BTG Pactual — que, diferentemente da expectativa do mercado, a taxa Selic seria reduzida. O Comitê de Política Monetária (Copom), na reunião de 31/11/11, reduziu a Selic de 12,5% para 12%.
Para Palocci, o repasse dessa informação privilegiada teria feito a fortuna do fundo Bintang, administrado pelo BTG e cujo gestor é Marcelo Augusto Lustosa de Souza.
Palocci também contou que, em 2011, Esteves teria se oferecido para organizar o caixa de Lula no BTG, incluindo supostos R$ 300 milhões prometidos ao partido pela Odebrecht.
A conta bancária que seria aberta também contaria com depósito de R$ 10 milhões do próprio Esteves — valor supostamente devido pelo banqueiro na campanha de 2010.
Segundo o relatório final da Polícia Federal sobre o caso, os fatos narrados por Palocci foram desmentidos por todas as testemunhas e declarantes, inclusive por outros colaboradores da Justiça, que, segundo a própria PF, não teriam prejuízo algum em confirmar a narrativa de Palocci, caso a entendessem como verdadeira.