Após operação terrorista para despejar 450 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que ocupavam há mais de 20 anos a área do Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, sul do Estado, a Polícia Militar de Minas Gerais fixou uma resposta ao tuíte da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) no topo do perfil oficial da corporação na rede social.
"Não conseguimos entender o que a senhora quis dizer", diz o tuíte da PM de Minas, que é comandada pelo governador Romeu Zema, do Partido Novo. A resposta, no entanto, foi publicada 10 minutos depois do tuíte da presidenta, às 15h50.
Em contato com a Fórum, Mário Marona, assessor de Dilma, afirma que o tuíte foi retirado momentaneamente da rede para publicação em uma thread (leia a sequência abaixo) e republicado assim que percebeu o "erro" em razão das interações já existentes.
Segundo Marona, neste caso, a responsabilidade por apagar o tuíte foi dele, ressaltando que a maioria das publicações é feita pela ex-presidenta, que ainda revisa e edita as raras vezes que as postagens são feitas pela assessoria.
"Ontem, cometi um erro, que por acaso está sendo atribuído a ela, o que é injusto. Para colocar um fio com seis tuítes sobre Zema e MST, retirei um tuíte anterior, por pura inabilidade, já que achei que ficaria redundante. Este tuíte chamava a ação da PM de fascista. Quando me dei conta, um pouco mais tarde, percebi o erro e republiquei o tuíte original sobre o "fascismo". Foi erro meu, exclusivamente", disse Marona à Fórum.
A publicação no perfil de Dilma diz que " própria PM está filmando e exibindo a sua ação truculenta contra os moradores do Quilombo Campo Grande, em Minas. Isto significa, literalmente, um ato de guerra híbrida e uma ação fascista".
A exposição da resposta feita pela PM de Minas provocou ironias de apoiadores do governador do Novo, que é um dos poucos governadores que ainda estão na base de apoio de Jair Bolsonaro.
Terrorismo de estado
Nas redes sociais, Dilma publicou uma sequência de tuítes em que lista as ações fascistas da PM e do governo de Minas na polêmica ação de despejo, que mobilizou entidades e ativistas dos direitos humanos em todo o país.
"Helicóptero, tropa de choque, blindados, bombas de gás, um ato de guerra da PM de Minas para desalojar o acampamento Quilombo Campo Grande, do MST. Famílias inteiras reprimidas, incluindo mulheres, idosos e crianças", escreveu Dilma no início da thread.
Dilma ainda destacou que a ação ocorre em meio à pandemia, como um ato "covarde" do governador.
"O governador Zema, em vez de negociar uma solução pacífica, para evitar um despejo em massa e violento em meio à pandemia da Covid 19, jogou sua polícia contra o povo".
Em suas redes sociais, a PM de Minas acusou os agricultores de colocarem fogo na própria terra - que segundo o MST foi parte da ação da polícia - e expôs um vídeo que mostra a ação truculenta da polícia.