Esta quarta-feira (12) foi um dia histórico para o movimento negro no país. A Coalizão Negra por Direitos, frente que reúne mais de 150 organizações e coletivos Brasil afora, protocolou um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, marcando um forte posicionamento no campo político.
Seguindo o lema “nós por nós”, a frente cobra que o presidente está sendo leniente e irresponsável na condução das medidas sanitárias exigidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), salientando que são pobres, pretos e pardos a maioria dos vitimados pela pandemia, e que essa inação do presidente tem contribuído para o extermínio do povo negro.
Por isso, a Coalizão pede a cassação do chefe do Executivo por crimes de responsabilidade que caracterizam uma "política de genocídio". Essa prática é definida pelo filósofo camaronês Achilles Mbembe como necropolítica, que é um método utilizado por governantes quando decidem, por meio de políticas públicas, quem deve viver e quem deve morrer.
O pedido foi seguido de um ato simbólico no gramado da Esplanada dos Ministérios, onde manifestantes ergueram cartazes, gritaram palavras de ordem e carregaram cruzes negras com algumas frases de Jair Bolsonaro, como “todos nós vamos morrer um dia”, demonstrando a total insensibilidade do presidente diante de tantas vidas que estão sendo ceifadas e cujas mortes, em grande parte, poderiam ser evitadas.
Essa data é um marco porque marca a presença dos movimentos negros no enfrentamento direto no campo político brasileiro.
Com o novo pedido, já são 56 peças de impeachment contra Bolsonaro protocoladas na Câmara. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no entanto, disse em entrevista recente ao Roda Viva, da TV Cultura, que não pretende dar seguimento a nenhum deles - apesar de nenhum dos processos ter sido arquivado.