Mãe de Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle está intimada a comparecer ao Ministério Público do Rio de Janeiro na próxima quinta-feira (9) para prestar depoimento sobre o esquema de rachadinha comandado por Fabrício Queiroz no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
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Segundo informações da revista Veja, os promotores querem saber se Ana Cristina era beneficiária ou parte do esquema, que envolveu a contratação como funcionários fantasmas de pelo menos nove parentes da ex-mulher de Bolsonaro.
De acordo com a investigação, os parentes de Ana Cristina sempre moraram em Resende, a 160 quilômetros da capital fluminense, mas assinavam o ponto como se estivessem cumprindo o expediente normal na Alerj.
O MP já revelou, inclusive, que os familiares sacavam praticamente todo o salário imediatamente após o pagamento, que levanta a suspeita de que seria entregue ao operador do esquema, Fabrício Queiroz, responsável pela lavagem do dinheiro.
Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina, chegou a sacar 98% de seus vencimentos enquanto trabalhou para Flávio, entre 2008 e 2017. Já José Cândido Procópio Valle, pai da advogada, sacou na boca do caixa 99% de tudo que recebeu como assessor do então deputado por três anos.
Daniela Siqueira, prima da advogada, foi a recordista no quesito volume em dinheiro vivo: sacou quase 800 000 reais da conta enquanto assessorava o filho do presidente, 96% do total recebido. O mesmo procedimento foi repetido por um tio e três tias, outra prima e um primo da ex-mulher do presidente.
Dos 4,8 milhões de reais recebidos pela família Valle apenas no gabinete de Flávio Bolsonaro, 4 milhões de reais foram sacados na boca do caixa.
Separação
Bolsonaro manteve uma união estável com Ana Cristina por dez anos, entre 1997 e 2007. O casal se separou em 2008, quando Ana Cristina acusou Bolsonaro de ocultar patrimônio e receber pagamentos não declarados.
Segundo ela, o então deputado federal tinha uma “próspera condição financeira”, abastecida por uma renda mensal que chegava a 100 000 reais, em valores da época.
Oficialmente, Bolsonaro recebia 26 700 reais como parlamentar e 8 600 reais como militar da reserva. Essa diferença, de acordo com Ana Cristina, vinha de “outros proventos”. Depois do embate, o casal chegou a um acordo financeiro.