O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu nesta quarta-feira (29) o legado dos governos Lula e Dilma Rousseff e criticou a condenação promovida contra o ex-presidente pelo ex-juiz federal e ex-ministro Sérgio Moro.
"Nós não tivemos um processo de acordo com a lei. Ele não serve de elemento de análise. Um juiz totalmente contaminado com visões partidárias e ideológicas. Imagina um árbitro de futebol que vai confraternizar com o time vencedor após a partida", disse o governador durante entrevista com o jornalista Marco Antonio Villa.
Segundo o governador, que também é ex-juiz federal, Moro "conduziu um processo de modo muito destoante das regras jurídicas" que também "contaminou" outras instâncias. "O TRF-4, no qual eu conheço pessoalmente todos os personagens porque fui juiz federal, infelizmente também foi contaminado pelo chamado 'direito excepcional' do processo penal do espetáculo. O processo do triplex é altamente contaminado. Analisei ele página por página", declarou.
Quando questionado sobre o que se chama de "mensalão" e "petrolão", Dino criticou o uso dos termos. "Eu começo refutando as palavras porque eu acho que elas acabam datando fenômenos que ultrapassam, para trás e para frente, esse ciclo histórico. Problemas na Petrobras foram denunciados por Paulo Francis, muito antes do Lula ser presidente", avaliou.
"Você não pode datar fenômenos que são estruturais e que devem ser combatidos sempre. Todos os casos de corrupção devem ser apurados. Infelizmente, eles fazem parte das empresas, da sociedade civil, da economia", afirmou.
Dino ainda considerou os governos Lula e Dilma como um "ciclo de muitas vitórias". "Esse ciclo que nós conduzimos, nós participamos. O meu partido participou. Eu participei pessoalmente como deputado federal no primeiro governo Dilma. Foi um ciclo de muitas virtudes, muitas vitórias, muitos méritos. Conjugamos democracia política, crescimento econômico e distribuição de renda", apontou.
O governador ainda fez um balanço sobre as críticas recebidas pelos governos. "Evidentemente, você tem erros, principalmente no manejo da questão fiscal desde 2013. Ao mesmo tempo, fatores políticos, como a corrupção, que atingiu pessoas e não o todo. Nesse terreno, o ex-presidente Lula e a ex-presidenta Dilma fizeram muita coisa. Talvez tenha faltado mostrar tudo que foi feito e isso resultou nessa concepção errada de que esses governos tenham sido tolerantes com a corrupção e isso resultou no fortalecimento da extrema-direita", analisou.
Eleições de 2022
Dino também voltou a falar sobre a criação de uma "federação partidária" e comentou sobre o cenário eleitoral. "Eu acho que em 2022 teremos um cenário menos fragmentado que o das eleições municipais desse ano. Não acho que teremos candidatura única, nem no campo da esquerda nem no campo da direita. Eu acho que na direita você tem o Bolsonaro - que só pensa em reeleição - e segmentos de 'centro-direita'. Acho que teremos dissidência", disse.
"Do lado de cá acho que temos que agregar ao máximo, diminuir a conflituosidade e as arestas. Nossas arestas impediram união no segundo turno de 2018, facilitando a vitória de Bolsonaro. Espero que, caso não haja uma candidatura única, que a gente consiga um diálogo que permita uma união no segundo turno que permita que consigamos vencer as eleições", disse.
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