Graças à política de flexibilização de armas implantada pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ), as vendas de munição no Brasil para cidadãos com direito a posse ou porte de armas de fogo tiveram um crescimento no volume de unidades comercializadas de 98% de janeiro a maio, em comparação com o mesmo período de 2019, e de 90% em relação a 2018.
Apenas em maio, 1.541.780 cartuchos foram vendidos no varejo do país, o que equivale a mais de dois mil por hora.
O número corresponde apenas às vendas feitas no comércio para pessoas físicas. Não estão incluídos aí policiais militares, bombeiros, agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
As informações integram a base de dados do Sistema de Controle de Venda e Estoque de Munições (Sicovem) e foram obtidas pelo GLOBO junto ao Exército, via Lei de Acesso à Informação.
O salto nas vendas em maio ocorreu após a publicação de uma portaria que estendeu o limite de compra de munição para quem tem arma de fogo registrada de 200 unidades por ano para valores entre 50 e 300 por mês, a depender do calibre.
A portaria foi assinada pelo ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e o então ministro da Justiça, Sergio Moro, datada de 23 de abril.
Um dia antes, na reunião ministerial de 22 de abril, que teve a sua divulgação pública autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro pressionou Moro e Azevedo e Silva a acelerarem medidas de flexibilização. “Por que eu tô armando o povo? Porque eu não quero uma ditadura. E não dá prá segurar mais (…) É escancarar a questão do armamento aqui. Eu quero todo mundo armado. Que povo armado jamais será escravizado”, disse o presidente.
Em maio, foram comercializadas mais de 1,5 milhão de unidades. O número supera o volume adquirido no mesmo mês por 11 instituições ligadas à segurança pública, patrimonial ou a atividades de inteligência. Juntos, Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), polícias civis, polícias militares, corpos de bombeiros, guardas municipais e polícia legislativa compraram, em maio, 1,396 milhão de munições, segundo o Exército.
Com informações do Globo