Investigação do MP-RJ (Ministério Público do Rio) revela que o policial militar reformado Heyder Maduro Cardozo, que já cumpriu pena por homicídio, pediu ajuda a Fabrício Queiroz para dois dos condenados pela tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho de 2013 na favela da Rocinha, na zona sul do Rio.
O primeiro contato foi feito uma semana após o major Edson dos Santos, comandante da UPP no local do crime, ter passado do regime semiaberto para a prisão domiciliar.
Às 9h55 de 23 de agosto de 2019, Queiroz usa o celular da esposa Márcia Oliveira de Aguiar para enviar um áudio a Heyder.
"Se tiver alguma coisa pra falar, fala por aqui ou por aquele telefone que tá com minha filha, tá bom? Quando eu entro na cidade em que eu tô, eu desligo os telefones", diz, indicando, segundo o MP-RJ, que adotava o procedimento para dificultar a localização do seu paradeiro. Queiroz foi preso na última quinta (18) em Atibaia (SP).
Em outro áudio no mesmo dia, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro diz a Heyder que poderia fazer contato com "a cúpula de cima", dando indícios de que teria preservado sua influência política, ainda de acordo com o MP-RJ. "Avisa pro doutor aí, cara, se quiser algum contato pessoal aí, com... a cúpula de cima aí, faz contato, valeu? Dá pra encaminhar", disse.
Em mensagens enviadas por WhatsApp entre as 4h51 e 5h09 de 1º de setembro de 2019, Heyder pede auxílio para o major Edson e o tenente Medeiros, do caso Amarildo, segundo mostra relatório da investigação.
Procurado pelo UOL, o advogado Saulo Salles, que representou os oficiais no processo criminal, disse ter sido surpreendido pela informação. "Confesso que estou surpreso com essa situação. Como o processo é sigiloso, não é possível saber o que tem no inquérito. A defesa não tem informações sobre esse episódio. Não fui procurado formalmente pelo MP-RJ", informou.
"Meu pai não cansa de ser burro"
O Ministério Público do Rio teve acesso a conversas entre filha e esposa de Fabrício Queiroz que mostram a insatisfação das duas com a participação do ex-assessor de Flávio Bolsonaro na política, mesmo sendo alvo de investigações. Os diálogos foram utilizados na decisão judicial que autorizou a prisão de Queiroz nesta quinta-feira (18).
Em uma das conversas, Nathalia Queiroz, filha do ex-assessor, diz que o pai “não cansa de ser burro”. Em resposta, Márcia Oliveira de Aguiar, a esposa, questiona quando ele vai fechar “o c* da boca dele”.
Com informações do UOL