"Sou Bianca Santana, blogueira aqui no UOL dentre outras atividades e títulos, mas nunca escrevi sobre propaganda do PT barrada pelo TSE, nem sobre a lei brasileira de inclusão de pessoas com deficiência.", começa o post publicado hoje pela escritora. " E, cá entre nós, já escrevi muitas vezes sobre o envolvimento da família de Bolsonaro com a milícia que assassinou Marielle Franco. Na terça-feira passada, publiquei aqui contra a federalização do caso Marielle. "
Bianca conta que estava participando, pela Coalizão Negra por Direitos, do suporte à família de Marielle e Anderson e ao Instituto Marielle Franco na coleta de assinaturas da campanha #FederalizacaoNao, apoiada por 200 entidades e mais de 150 mil pessoas. Na quarta (27) foi votada por unanimidade a não federalização. "Um dos Ministros chegou a citar nominalmente a posição da Coalizão Negra Por Direitos", diz Bianca.
"E então, quinta-feira, na live semanal do presidente, ele cita meu nome, com a acusação de escrever "fake news", dando como exemplo uma manchete que jamais escrevi. Sou jornalista. Essa é uma acusação especialmente grave para quem tem a palavra e a busca pela verdade como ferramenta de trabalho. Ninguém pode, nem mesmo o presidente da República, dizer meu nome e sobrenome com a afirmação de que escrevi uma notícia falsa", relatou Bianca.
"Tem uma tal de Bianca Santana aqui, uma blogueira, né? 'PT tem propaganda barrada pelo TSE, fake news', dizendo que era mentira. Na verdade é que foi proibido, né, pelo TSE, uma campanha do Haddad, dizendo que Bolsonaro votou contra lei brasileira de inclusão de pessoas com deficiência. A minha esposa tem um trabalho nesse sentido. Qual o objetivo? Na teoria é uma coisa, na prática é outra. Fake news.", foi o que Jair Bolsonaro disse.
O curioso foi o nome de Bianca ir parar na boca do presidente bem no dia seguinte em que seu texto reafirmando a hipótese de que a federalização do caso Marielle interessava a Bolsonaro teve destaque na home do UOL. "Tive o cuidado de fundamentar a hipótese com um fluxograma, bem desenhadinho, das relações de Bolsonaro e seu filho Flávio com o Escritório do Crime, acusado da execução do assassinato de Marielle e Anderson, e com manchetes da imprensa", escreveu Bianca.
"Já repararam como Bolsonaro e seus seguidores reagem à pergunta de qual o envolvimento da família Bolsonaro no assassinato de Marielle e Anderson? Eles retrucam com Adélio e a facada, com citações a Celso Daniel, tentam desqualificar Marielle. Insistem em versões comprovadamente falsas sobre a vida dela. Como se qualquer acusação, ainda que verdadeira, pudesse justificar seu assassinato", disse a blogueira.
"São muitos fatos para explicar como coincidência. No último 20 de novembro, dia de Zumbi, eu e Anielle Franco publicamos um artigo na Folha de S. Paulo com a pergunta: "Afinal, o que liga a família Bolsonaro ao caso Marielle?". Ainda queremos saber. E continuaremos perguntando", finaliza ela, em post publicado nesta terça (2).