O advogado Frederick Wassef, representante legal do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do presidente Jair Bolsonaro, tinha livre trânsito no Palácio do Planalto e já protagonizou cenas curiosas em defesa do ex-capitão. Wassef é dono da chácara em que o policial aposentado Fabrício Queiroz estava escondido quando foi preso, nesta quinta-feira (18).
A última aparição de Wassef no Planalto aconteceu na última quarta-feira (17), durante a posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD). Wasseff ficou sentado na ala dos convidados especiais, logo atrás dos familiares do ministro.
Antes disso, ele roubou a cena, no dia 22 de maio, ao fazer um escândalo para jornalistas no Palácio do Planalto minutos antes da divulgação do vídeo da reunião ministerial do gabinete de Bolsonaro de 22 de abril. Wasseff fez afirmações incisivas e chamou o caso de "carnaval", mesmo não sendo ele o advogado que representava Bolsonaro na ação contra a revelação do vídeo - papel da Advocacia-Geral da União (AGU).
"O presidente Bolsonaro está sendo vítima de uma situação que não existe. O depoimento do ex-ministro Sergio Moro é a prova material final que jamais o presidente Bolsonaro interferiu na Polícia Federal ou no Ministério da Justiça", disse na ocasião. A cena de mais de cinco minutos foi exibida pela CNN Brasil, assista aqui.
Cerca de uma semana antes do ocorrido, em 14 de maio, Wassef foi recebido pelo presidente no Planalto. A reunião não teve assunto revelado mas consta na agenda oficial
Em dezembro de 2019, Wassef apareceu na agenda oficial outras duas vezes, nos dias 13 e 14 daquele mês. Segundo o portal Poder 360, as visitas ocorreram por suposta troca na defesa de Flávio Bolsonaro - o que não ocorreu.
Segundo os jornalistas Maurício Ferro, Leonardo Cavalcanti e Tiago Mali, do Poder 360, o advogado se reuniu com Bolsonaro no Palácio do Alvorada pelo menos outras três vezes fora da agenda oficial. Wassef também foi o advogado de Bolsonaro no caso Adélio.
Em entrevista concedida à Rádio Gaúcha em abril de 2019, Wassef afirmou o seguinte: "estou no dia a dia aqui com o presidente e com a família Bolsonaro. Eu conheço tudo que tramita na família Bolsonaro”. Em setembro, no entanto, negou que soubesse do paradeiro de Fabrício Queiroz.
O delegado Nico Gonçalves, que investiga o caso das rachadinhas e conduziu a operação que prendeu Queiroz, afirmou à GloboNews que um dos caseiros de Wasseff disse que o ex-policial morava no local há cerca de um ano. Segundo informações de Bruno Tavares, na GloboNews, policiais e promotores relataram que Queiroz era mantido em esquema de proteção no imóvel, pois já se imaginava que ele poderia ser preso.