A recomendação do Ministério Público de São Paulo, de que faixas e cartazes defendendo golpe de Estado, intervenção militar ou ataques a instituições democráticas sejam apreendidas pela Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) durante as manifestações, não tem sido respeitada nos últimos fins de semana, nos quais se viu grupos desfilando com essas mensagens sem serem importunados, mesmo quando passam ao lado dos policiais.
Em consulta do jornal Folha de São Paulo à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e ao comando da PM, os órgãos bateram cabeça ao confirmar se há uma ordem específica para o recolhimento dessas faixas e cartazes, ou repreensão dos manifestantes, em função do entendimento do Ministério Público. Segundo a Secretaria e a PM, essa recomendação não seria uma obrigatoriedade.
A avaliação sobre esse tipo de postura se baseia na suposição de que o apoio a Bolsonaro dentro da PM esteja disseminado, o que impede os policiais de atuar contra grupos que também defendem o presidente, e ao mesmo tempo sejam mais violentos diante de manifestações de grupos antibolsonaristas.
Segundo o Major Costa e Silva, que é apoiador do presidente, mas assegura não concordar com os pedidos de golpe e intervenção militar, a PM tem que “respeitar a liberdade de expressão” dos manifestantes (ou ao menos, dos bolsonaristas).
“O cidadão tem o direito de pedir qualquer coisa, mesmo que o pedido contrarie a legislação. O que ele não pode é descumprir a lei. Louco não é quem pede, é quem concede”, argumenta o militar.