Victor Granado Alves, advogado no processo que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (Sem Partido-SP), movem contra a revista Fórum e o fotógrafo Lula Marques, desde abril de 2017, é sócio do escritório Granado Advogados Associados.
O escritório, de acordo com as notas fiscais da prestação de contas do PSL nacional relativas ao ano de 2019, foi contratado em fevereiro com dinheiro do fundo partidário. O objetivo do contrato era prestar serviços jurídicos ao diretório do partido no Rio, comandado na época por Flávio, pelo valor de R$ 500 mil para 13 meses e meio de contrato.
Além disso, Victor é o advogado citado pelo empresário Paulo Marinho como um dos assessores do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que teriam recebido de um delegado da Polícia Federal a informação da operação Furna da Onça, envolvendo pessoas do gabinete de Flávio.
Para o editor da Fórum, Renato Rovai, "a cada dia que passa se descobrem mais esquemas no universo da família Bolsonaro. Este novo caso demonstra como eles estão usando recursos públicos para perseguir a imprensa e veículos de mídia independente. Espero que a Justiça tome as medidas cabíveis para que o advogado e a família Bolsonaro sejam exemplarmente punidos".
Já Gabriel Borges, sócio do escritório Santo, Borges, Sena Advogados, que representa a revista Fórum, afirma que “é muito séria a acusação do vice-presidente nacional do PSL de que serviços de advocacia contratados por Flávio Bolsonaro por meio do Diretório Estadual do partido no Rio teriam sido utilizados para fins particulares. Na época, houve a atuação do mesmo escritório no processo movido por Jair Bolsonaro e o filho Eduardo contra a Fórum e o fotojornalista Lula Marques”.
Gabriel diz ainda que, “caso se confirmem as acusações, é possível que recursos públicos, do Fundo Partidário, tenham sido usados para patrocinar ação com objetivo de impor censura judicial contra jornalistas, o que seria um ilícito gravíssimo”.
PSL pede devolução
Em nota divulgada na madrugada desta quarta-feira (20), o deputado federal Júnior Bozzella (SP), vice-presidente do PSL, afirmou que o partido irá cobrar do senador Flávio Bolsonaro (ex-PSL, hoje no Republicanos-RJ) a devolução de cerca de R$ 500 mil de recursos públicos direcionados ao escritório de advocacia de um ex-assessor.
De acordo com o PSL —partido pelo qual a família Bolsonaro foi eleita em 2018, mas com o qual rompeu no final de 2019—, houve desvio de finalidade na aplicação do dinheiro do fundo partidário, além de Flávio ter mentido nas explicações que deu, em redes sociais, na noite desta terça-feira (19).