Um artigo publicado pelo site alemão Deutsche Welle nesta terça-feira (19) faz análise sombria sobre o futuro ao que o governo de Jair Bolsonaro encaminha o Brasil. O título já diz tudo: “Brasil caminha para a maior crise econômica da sua história”.
O texto começa lembrando que havia certo otimismo do mercado nos primeiros meses deste ano, mesmo após o crescimento de 1,1% registrado no primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro, mas que agora, com a pandemia do coronavírus e as crises política e sanitária enfrentadas pelo governo “já não há dúvidas de que o Brasil vai afundar em 2020 e, possivelmente, também em 2021”.
Para os analistas consultados pelo meio alemão, o que vem por aí para o Brasil “não será só mais uma crise, os economistas entrevistados acreditam que pode ser a pior que o país já viveu. Isso porque ela surge em um momento no qual tentava-se retomar o crescimento, ou seja, com uma economia ainda cambaleante e meio à instabilidade política. Além disso, não será possível contar com o setor externo, também severamente afetado pela pandemia”.
Entre as fontes mencionadas está a consultoria Gavekal Research, que publicou um informe na semana passada no qual comparou o Brasil atual com um prédio em chamas. O documento inclui uma análise do economista Armando Castelar, do IBRE/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas): “Neste momento, é melhor deixar o Brasil para os especialistas, malucos, oportunistas de longo prazo e aqueles sem outras opções”.
O artigo alemão também lembra que o FMI (Fundo Monetário Internacional) estima uma queda do PIB brasileiro de 5,3%, maior que a previsão do governo, que é de 4,7% em perdas, e aponta que “quaisquer desses números já representam a pior retração desde 1901, quando começou o levantamento mais confiável do indicador – até hoje, o maior declínio foi de 4,35%, em 1990”.
Outra das entrevistas é a coordenadora do departamento de Economia do Insper, Juliana Inhasz, que prevê um importante aumento da desigualdade no Brasil. “Deve haver uma piora da distribuição de renda, porque quem é mais afetado é a população da periferia, que normalmente está alocada em trabalhos mais vulneráveis e está perdendo o emprego com mais facilidade neste momento (…) E outras variáveis vem junto, como a piora de diferença salarial entre gêneros, porque o momento começa a desfavorecer inúmeras reivindicações”, analisa a economista.