As simbologias nazistas com as quais o governo Bolsonaro e seus apoiadores flertam têm ficado cada vez mais evidentes. O próprio slogan da campanha de Jair Bolsonaro na eleição de 2018, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", faz referência direta a um bordão da Alemanha nazista, o “Deutschland über alles” que, em português, significa “Alemanha acima de tudo”. O trecho, inclusive, fazia parte do hino nacional alemão, mas foi suprimido ao final da Segunda Guerra Mundial.
Na última sexta-feira (8), apoiadores do presidente, durante aparição de Bolsonaro em seu "cercadinho" no Palácio da Alvorada, estenderam o braço direito em uma saudação ao capitão da reserva. O gesto é famoso por ter sido utilizado pelos nazistas na saudação a Adolf Hitler, "Heil, Hitler", que, em português, significa "Salve, Hitler". Bolsonaristas, no entanto, negam que o aceno tenham qualquer referência ao nazismo e justificam dizendo que se tratava de uma oração.
O gesto emblemático encontra sustentação no próprio discurso do governo. No sábado (10), a Secretaria de Comunicação da presidência divulgou um vídeo nas redes sociais que gerou polêmica por reproduzir um dos lemas usados pelo regime nazista.
“Parte da imprensa insiste em virar as costas aos fatos, ao Brasil e aos brasileiros. Mas o Governo Federal, por determinação de seu chefe, seguirá trabalhando para SALVAR VIDAS e preservar o emprego e a dignidade dos brasileiros. O trabalho, a união e a verdade libertarão o Brasil”, dizia a mensagem da Secom.
O vídeo é encerrado com o trecho “o trabalho, a união e a verdade nos libertará” em destaque.
A frase remete ao lema nazista “o trabalho liberta” (“Arbeit macht frei”, em alemão). A mensagem era comum em campos de concentração e em alguns deles podia ser vista já na entrada.
O jornalista alemão Gerd Wenzel comentou sobre a comparação. “A SECOM da Presidência da Republica, em redes sociais, emula lema cunhado pelos nazistas que ornamentava os pórticos dos campos de concentração: o O trabalho, a união e a verdade libertarão o Brasil”. Arbeit macht frei (trabalho liberta)”, tuitou.
Roberto Alvim
A divulgação da peça publicitária acontece cerca de quatro meses depois da polêmica envolvendo o ex-secretário Especial de Cultura, Roberto Alvim. Ele postou um vídeo que copia discurso e estética de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista.
Após forte pressão da sociedade e da classe artística, Alvim foi demitido e a publicação foi apagada.
Wajngarten fez uma postagem rebatendo matéria do Uol sobre os escritos. Segundo ele, a comparação é uma “ilação canalha”. “Esquecem dos ensinamentos judaicos recebidos por mim e por boa parte da minha equipe, e da tradição de trabalho do povo judeu de lutar por sua liberdade econômica”, disse.
Observação: Esta matéria foi atualizada logo após a sua publicação para adequação do título ao texto.