O deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), que se notabilizou por ter quebrado a placa da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em março de 2018, é alvo de uma ação que tramita na Justiça, suspeito de ter sido funcionário fantasma da Prefeitura de Mesquita, na Baixada Fluminense.
A Procuradoria Geral daquele município abriu uma ação de improbidade administrativa contra o deputado, que foi eleito com a bandeira de combater a corrupção. O Ministério Público se manifestou favorável à ação.
De acordo com a acusação, Rodrigo Amorim passou pelas subsecretarias de Governo e de Planejamento, entre abril de 2014 e março de 2016, sem jamais ter trabalhado por lá e recebendo um total de R$ 82.105.
A cidade tem o pior PIB per capita de todo o estado, segundo dados do IBGE.
A ação pede que a Justiça bloqueie R$ 82 mil do atual deputado, em decisão liminar (provisória). A Justiça do Rio intimou o deputado a se defender antes de decidir se aceita ou não a denúncia.
Nunca foi visto por lá
A investigação ouviu dez servidores das secretarias onde Amorim deveria dar expediente. Nenhum deles jamais o viu por lá.
Enquanto supostamente trabalhava no município de Mesquita, o atual deputado foi também funcionário da Câmara Municipal do Rio.
A Procuradoria de Mesquita afirma que ele não poderia acumular os dois cargos.
"O ex-servidor Rodrigo Martins Pires de Amorim deliberadamente omitiu da administração de Mesquita o fato de que acumulava cargo público na Câmara Legislativa do Município do Rio de Janeiro", diz o texto.
Na cidade da Região Serrana, ele também ocupou cargo comissionado indevidamente, segundo a PGM de Mesquita.
Na época em que era contratado de Teresópolis, ele dava expediente simultaneamente em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense – cidades separadas por 98 quilômetros.
As fichas de frequência de Rodrigo Amorim foram assinadas, sem faltas, pelo secretário Evandro José Ferreira Taveira e pelos subsecretários Diego Paiva Azevedo da Silva e Evandro da Costa Pinto. Todos eles também foram denunciados.
Íntegra da nota de Rodrigo Amorim
"Quanto às acusações forjadas e mais uma vez divulgadas pelo prefeito de Mesquita, o deputado estadual Rodrigo Amorim esclarece:
1- Em nenhum momento o deputado foi citado ou intimado para dar qualquer esclarecimento em sede de ação civil pública, investigação, apuração prévia e nem mesmo na sindicância, no âmbito administrativo junto à prefeitura. Aliás, por não ser servidor, não poderia ser alvo de sindicância da Prefeitura de Mesquita, embora não se recuse a prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto em qualquer que seja o forum.
3- Em 2019 apresentamos notícia-crime na Polícia Civil em desfavor do sr. Jorge Miranda, por fraude: a suposta denúncia anônima que originou a acusação tinha graves indícios de manipulação - foi recebida em 30/11/2019 como denúncia número 01/2019, como se o ano inteiro não tivesse nenhuma outra denúncia. E em menos de duas horas a mesma já tinha sido despachada pela prefeitura e encaminhada à PGM, m tempo recorde.
4- A passagem do deputado pela Prefeitura de Mesquita envolveu dois cargos distintos na área de planejamento e na área de gestão pública. Atuou na gestão de projetos. Dentre diversas realizações, o deputado otimizou o funcionamento do Procon municipal, agilizou a atuação dos conselhos municipais e atualizou as agendas da prefeitura para obter recursos federais, há dois anos defasada. O deputado, quando em Mesquita, participou da criação das Padarias Populares. O trabalho foi efetivamente prestado. Prova disto é que seu vínculo com Mesquita o tornou o deputado mais votado do município em 2018.
5- Na semana passada o deputado publicou em suas redes que esta semana levaria ao conhecimento do Tribunal de Contas do Estado uma denúncia de improbidade administrativa em desfavor de Jorge Miranda, pelo gasto de R$ 6 milhões de dinheiro público para fins que nada têm a ver com a atual pandemia. Sempre que o deputado age contra Miranda, esta acusação caluniosa é reafirmada. Quando o sr. Jorge Miranda esteve na Alerj, o deputado o abordou questionando quanto às denúncias, mas ele covardemente não repetiu as acusações.
6- O deputado refuta as acusações, que considera caluniosas e com finalidade eleitoral, uma vez que ele é declaradamente adversário do atual prefeito."
Com informações do G1