Paulo Guedes, Ministro da Economia, admitiu nesta quinta (30), pela primeira vez, que o Banco Central (BC) pode ter que emitir moeda, ou seja, imprimir dinheiro, para conter a crise. Há também a possibilidade do BC comprar dívida interna para financiar a dívida pública. Em audiência pública do Congresso, ele afirmou que um bom economista não tem dogmas.
"É possível emitir moeda? Sim" disse Guedes.
A emissão precisa ser autorizada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto por Guedes, pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto e pelo secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Júnior.
O ministro trouxe um cenário de inflação zerada e juros baixos para justificar a emissão. A consequência mais clássica da emissão de moeda é o descontrole da inflação ou mesmo uma crise hiperinflacionária.
"Imprimir dinheiro" para financiar o governo foi defendido pelo ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC Henrique Meirelles e pelo ex-presidente Lula, e ambos foram criticados pela ala bolsonarista e seus seguidores.
"Se cair numa situação que a inflação vai praticamente para zero, os juros colapsam, e existe o que a gente chama da armadilha da liquidez, o Banco Central pode sim emitir moeda e pode sim comprar dívida interna", disse Guedes.
"Ele (o BC) pode recomprar dívida interna. Se a taxa de juros for muito baixa ninguém quer comprar título muito longo e aí pode monetizar a dívida sem que haja impacto inflacionário", completou o Ministro.
O presidente do Banco Central já se disse contrário à emissão de moeda para financiar os gastos do governo no combate à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.