Um levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP) demonstra a utilização massiva de robôs, contas automatizadas, ciborgues e contas semiautomatizadas pelas bolsonarismo.
Por meio do monitoramento de Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp, a pesquisa coordenada por Rose Marie Santini (UFRJ) e Isabela Kalil (FepSP) criou uma etnografia virtual das redes bolsonaristas em meio à pandemia do novo coronavírus.
A motivação da pesquisa é a posição errática do governo do presidente Jair Bolsonaro em razão do surto da Covid-19 e a manutenção de um grande número de mensagens em favor do ex-capitão que disseminam desinformação e promovem uma "infodemia" - "caracterizada por uma quantidade e variedade excessiva de informações de diferente qualidade e credibilidade".
"As chamadas 'tropas cibernéticas' ou exércitos virtuais são comumente utilizados nas redes sociais para ativar a militância online a favor do governo e falsificar a opinião pública, o que afeta a cobertura jornalista e cria túneis de realidade para os usuários das redes socias", diz o estudo.
Com base nessa perspectiva, foram analisadas diversas hashtags usadas pelas milícias digitais bolsonaristas, em especial a #bolsonaroday, principal tag promovida no dia 15 de março, aniversário do presidente.
"De acordo com o levantamento realizado a partir dos compartilhamentos de mensagens no Twitter, mais de cinquenta por cento dos tuítes que usaram a hashtag #bolsonaroday no 15M foram postados por perfis automatizados ou robôs", afirma a pesquisa.
"Os dados apontam uma ação expressiva de perfis não humanos (tanto de robôs, contas automatizadas, como de ciborgues, contas semiautomatizadas) nas postagens do Twitter, chegando a atingir picos de 55% de automatização das postagens no dia do evento", diz ainda.
No total, foram 66 mil contas responsáveis por 1,2 milhão de tuítes pró-Bolsonaro. "Os robôs que usaram a hashtag #bolsonaroday postaram uma média de 700 tuítes no dia 15 de março. [...] Os usuários humanos mais ativos chegam até 50 tuítes por dia", aponta.
Junto com as tags, mensagens em favor do presidente e contra o isolamento social foram propagadas. Entre elas, a campanha "preliminar" que foi lançada pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e logo apagada: OBrasilNãoPodeParar.
Acesse aqui a íntegra da pesquisa