Integrantes da Polícia Federal e secretários de Segurança Pública disseram à Folha acreditar que os encontros do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) com presidentes e líderes dos partidos do chamado centrão, nas últimas semanas, serviram para o presidente ter a segurança de que poderia se livrar de Moro sem risco de ficar com o mandato sob ameaça.
Bolsonaro teria perguntado se os congressistas reforçariam sua retaguarda na eventualidade da saída do ministro. Congressistas ouvidos pela reportagem negaram ter tratado da situação de Moro nas conversas com o presidente.
Estiveram com Bolsonaro nas últimas semanas ou conversaram por telefone com ele, para discutir distribuição de cargos e mais espaço no governo, presidentes e líderes do PP, PL, Republicanos, PSD, Solidariedade, MDB e DEM.
Um dos poucos a falar abertamente sobre o encontro foi o presidente do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), conhecido como Paulinho da Força. "Me ofereceram o porto de Santos e eu não vou aceitar, não vou para o governo uma hora dessas. O ideal agora é fazer um entendimento entre Maia e Bolsonaro e garantir a governabilidade", afirmou.
O Porto de Santos, no entanto, é só uma parte. As negociações de Bolsonaro com o centrão envolvem a ampliação da participação do grupo no Banco do Nordeste, Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação), Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e Funasa (Fundação Nacional de Saúde), entre outros.
O novo centrão, que não é o mesmo do final dos anos 80, ressurgiu em 2014, comandado pelo então líder do MDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), mas passou por alterações desde então.