Circulou nas redes sociais na noite de segunda-feira (13) um vídeo em que um general da reserva aparece gritando na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, após ser abordado por caminhar na Lagoa em meio à quarentena. Ele estava armado e ameaçou PMs.
O general apenas entregou a arma após a chegada dos filhos e uma longa negociação com a Polícia Militar. Os oficiais tiveram que fechar duas vias da Lagoa durante o processo. Pistola, carregador e munição foram apreendidos.
Ele foi levado para o hospital. A família disse que ele teve um surto psicótico e, segundo o Comando Militar do Leste (CML), ele possui síndrome demencial.
Segundo informações da BandNews FM e da Rádio Tupi, a PM informou que o general em questão é Álvaro de Souza Pinheiro. Pinheiro foi agente das Forças Especiais do Exército e participou da repressão da Guerrilha do Araguaia.
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV) realizado em novembro de 2013, Pinheiro confirmou que atuou no Araguaia. "Isso não tenha a menor dúvida, se eu estou dizendo que fui condecorado inclusive, entendeu? E absolutamente orgulhoso dessa participação. Eu vou lhe dizer o seguinte, não foi uma mera participação, como eu disse para a senhora, o tenente operador de Forças Especiais participa do processo decisório do mais alto escalão", afirmou.
Pinheiro ainda confirmou em depoimento que esteve no Araguaia no ano de 1972. ano dos primeiros confrontos diretos entre guerrilheiros e militares segundo a CNV. Ele afirmou que foi ferido em combate.
O general evitou citar nominalmente pessoas desaparecidas, mas ironizou a morte do ex-guerrilheiro e boxeador Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão. "Eu volto a repetir, citações de nome e tudo, de jeito nenhum. Agora essas pessoas, é evidente que eu as conheço, nosso amigo Osvaldão, quem não conheceu Osvaldão? Vocês devem conhecer o Osvaldão melhor do que eu hoje em dia. É ou não é verdade? Deve saber exatamente o dia que ele foi para o inferno, o lugar de onde nunca deveria ter saído. É ou não é verdade?", disse.
Osvaldão está entre os cerca de 60 guerrilheiros mortos no Araguaia. Segundo o projeto "Brasil: nunca mais" da Arquidiocese de São Paulo (1991), “todos os guerrilheiros presos no decorrer da terceira campanha foram mortos, sob tortura ou simplesmente fuzilados”.
Assista ao vídeo do surto do general: