O ex-ministro e advogado Gustavo Bebianno, morto na madrugada deste sábado (14), em decorrência de um infarto fulminante, contou detalhes ao Estadão, em entrevista no último dia 10, sobre uma carta que escreveu para o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) logo após ser demitido, em fevereiro de 2019.
Bebianno conta que falou sobre o filho do presidente Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). "Eu disse que Carlos não sabia amar, era nutrido por ódio o tempo inteiro. Ninguém o ensinou a amar. Ele não aprendeu", contou.
Cópias da carta foram entregues para o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, então chefe da Casa Civil; o general Maynard Santa Rosa, que ocupava o cargo de chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE); e para o ator Carlos Vereza, que se aproximou do presidente e também se tornou seu amigo.
De acordo com Bebianno, foi após esta carta que Bolsonaro passou a declarar que um ex-assessor poderia estar envolvido na tentativa de seu assassinato. "Isso é uma loucura. Eu estive ao lado dele o tempo inteiro. Abri mão de estar com minha família. Nunca quis nada em troca. Eu acreditava quando ele dizia que queria mudar o Brasil."
Em entrevista ao programa Roda-Viva, da TV Cultura, no início deste mês, Bebianno falou que Carlos queria montar uma "Abin paralela" dentro do Palácio do Planalto com a participação de delegados federais. Na ocasião, se recusou a falar os nomes. Ao Estado, ele disse que não queria mais comentar o assunto.
"É bom me preservar. Além disso, os policiais em questão não fizeram nada de errado. Nem sei se de fato se prestariam a atender às loucuras do Carlos. Não vou prejudicar ninguém, porque não sei o que fizeram ou não", justificou.