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O questionável senso de humor do presidente Jair Bolsonaro voltou a dar o ar da graça nesta quinta-feira (6), em uma live realizada junto com o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto.
Durante a transmissão, o mandatário se referiu ao fato de que Machado é pernambucano, aludindo a um famoso preconceito contra os nordestinos. “O Gilson Machado, da Embratur, tá aqui do meu lado, mas… a tela tá pequena, né? E ele, como é de Pernambuco, tem a cabeça grande, Gilson? Não iria caber na tela aqui”, disse Bolsonaro, de “brincadeira”.
Logo em seguida, talvez já intuindo que sua declaração seria polêmica, Bolsonaro tentou contemporizar: “não vem querer me sacanear comigo por causa disso. É brincadeira nossa. Brincar com nordestino, com goiano, que faz dupla sertaneja para tudo, gaúcho macho, baiano, cearense. É brincadeira nossa, aqui”, explicou.
As “brincadeiras” de Bolsonaro contra nordestinos não são uma novidade. Já são várias as vezes em que ele se referiu de forma jocosa até a políticos aliados oriundos da região.
Uma das primeiras vezes foi em junho de 2019, também numa live em seu Facebook, Bolsonaro, com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, carioca, mas estava por anunciar a inauguração de obras no Nordeste: “tem algum parente pau-de-arara? (…) com essa cabeça aí tu não nega, não”, provocou o mandatário, emendando com uma gargalhada.
Em julho de 2019, em conversa com o ministro da Casa Civil, Ônyx Lorenzoni, o presidente se referiu à região dizendo que “entre os governadores de `Paraíba´, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara” – dias depois, tentou consertar a declaração, dizendo que a frase correta seria “o governador de Paraíba é pior que esse do Maranhão”, o que não mudou o tom de hostilidade.
Tampouco é a primeira vez que usa o mesmo preconceito sobre o tamanho da cabeça. Em agosto de 2019, em visita à Bahia, quando perguntado sobre se já estava virando um “cabra da peste”, ele respondeu que “só tá faltando crescer um pouquinho a cabeça”.
Em dezembro do ano passado, em entrevista ao programa Impressões, da TV Brasil, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse que Bolsonaro enxerga Nordeste como “uma região de seca e extrema pobreza”.